quarta-feira, 5 de março de 2014

Quarta-feira de cinzas

Carnaval acabou, algumas pessoas já foram trabalhar hoje, outras ficaram em casa para acompanhar as notas das Escolas de Samba, e eu passei um pedaço da tarde de hoje desenhando, inspirada na possibilidade de fazer um trocadilho com a data de hoje.

Quarta-feira de cinzas... literalmente!

Para o estudo, utilizei tons de cinza de marcadores e de lápis de cor - ou seja, exercitei minha criatividade em função do material escolhido para o trabalho. Algumas pessoas acham que esse tipo de coisa pode (definir material antes do desenho) "limitar" a criatividade, mas eu prefiro acreditar que o verbo mais adequado seja "exercitar".

A primeira coisa que fiz depois de pensar na proposta, foi buscar na mente o que eu tinha de repertório para a cor cinza. Isto é, o que vem a minha cabeça quando penso na palavra "cinza". Pensei várias coisas, e deixei o pensamento criar conexões livremente: poluição, fumaça, prédios, cinzas de cigarro, cabelo grisalho, meu casaco de frio.... e aí, este casaco de frio cinza me fez lembrar de um gorro cinza com pelinhos que comprei no mesmo dia, e o gorro cinza me lembrou outro casaco estilo esquimó que nunca usei; pensar em esquimó me lembrou gelo, e o gelo me fez pensar em lobos cinzas... Conclusão:

Desenhei um lobo cinza e uma esquimó.

Em seguida, criei uma paleta de tons de cinza dos materiais sobre o papel que queria usar para finalizar o desenho. Optei por aquele papel com textura de tela que mostrei no post sobre pastel oleoso

Curiosidades na paleta: (*) é a cor que a Magic-Color vende como "Pele";
3.1 e 3.2 são a mesma cor (CG3), adquiridas em estojos diferentes.

Fiz duas cópias em A5 do rascunho, e em uma delas apliquei algumas cores para ter ideia de como ficaria o desenho final depois de colorido. A outra cópia eu reservei para usar mais tarde na mesa de luz.

Teste de escala de cinza.

O resultado do teste de escala foi importante para que eu voltasse atrás em algumas decisões. Apesar de ter usado apenas tons de cinzas, nas suas variações de quentes e frios, achei o desenho muito "colorido". Tendo em mente o que precisava ser corrigido para ficar mais equilibrado, corri pro abraço!

Versão final do lobo cinza e esquimó.

Bom, o que eu tiro disso tudo? 1 - Limitação de material não é necessariamente uma coisa ruim, em momento algum me senti criativamente limitada, muito pelo contrário, serviu de estímulo para pensar em algo que fosse legal e que se adaptasse bem à proposta. 2 - Acabei exercitando o desenho de animais, prática esta que considero bastante difícil. 3 - Apostei numa temática inédita pra mim (nunca tinha desenhado uma esquimó antes). 4 - Preciso repor alguns marcadores que estão secando.

Este post acabou quebrando um pouco do colorido carnavalesco dos desenhos anteriores, né? Mas valeu a pena o estudo com tons de cinza! Gostei do resultado.

Até a próxima!! o/

22 comentários:

  1. Estudos assim costumam sempte gerar resultados positivoa, pois como você comentou, com o material limitado, existe brecha pra inovar na aplicação.

    Eu entendi a proposta e acho que você executou muito bem. A presença dos cinzas tanto frios ckmo quentes representam de maneira muito bacana a natureza das personagens (o lobo, mais frio, enquanto a esquimó um ser humano, mais quente).

    Mas de certa forma fiquei imaginando como seria tentar representar os dois com o mesmo tipo de cinza, mas aí talvez fosse necessária uma variação de no mínimo 12 cores pra representar bem a diferença dos tons nos dois.

    Quando você disse no Skype que tinha gelo no post, pensei que era algo relacionado a Frozen. Isso me lembrou que ainda não postei em canto algum a minha versão finalizada da Elsa. Hehehe. :)

    Muito bacana, você estar tentando exercitar também o desenho de outros seres. Tenho tentado aprender um pouco mais além da forma humana também e já percebi que a empreitada é tensa, hahaha! Mas vamos lá!

    Beijão

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    1. Ei Joy!
      Sim, na hora que escrevi essa parte sobre limitação o post, me veio as disciplinas todas de projeto, mais trabalhos que a gente pegou pra fazer... enfim, todo projeto, por mais criativo e inovador que precise ser, passa por algum tipo de delimitação.

      Busquei trabalhar o equilíbrio como um todo, não só definindo quem seria quente ou frio, mas tentando compensar visualmente os "pesos" dos cinzas. Explorei a tendencia do cinza quente ao marrom para balancear menina e árvore. Acho que funcionou. Precisaria mesmo de uma variação grande de um mesmo tipo de cinza para deixar tudo ainda mais uniforme. O maior próximo que podemos conseguir da sua proposta, é tentar algo com grafites.

      É mesmo, você está devendo uma Elsa!! Faça o favor de quitar o débito tão logo conseguir, ok? Já assisti ao filme Frozen e agora poderei entender tudo que disser lá no Caixola sobre o tema.

      Acompanhei suas experiências com animais (tanto os da série Rodentia, quanto os sapinhos de agora) e tenho gostado do resultado. Confesso que tenho "medinho" de desenhar animais pela complexidade que é, mas preciso meter a cara e superar esse medo, afinal só aprendemos com a prática.

      Beijo! o/

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  2. Por favor, releve os erroa de escrita. XD
    Estou comentando do tablet... >_>"

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    1. Eu não! (u.ú)
      Tô zoando, relevo sim, pode deixar! rs

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  3. Realmente trabalhar com uma paleta de cores limitada é um bom exercício para resolver um desenho que tem como proposta um olhar diferenciado.

    Vide o trabalho do Frank Miller em Sin City, que abusando do contraste do preto e branco, vinhetas e jogos de luzes, acaba criando uma estética bem particular.

    Alguns artistas tem na colorização sua própria assinatura, o que é bem difícil de se encontrar porque justamente a maioria acaba investindo mais tempo tentando evoluir o traço.

    Parabéns pelo execício!

    Ps: a menina ficou bem engraçadinha, parece que ela tem focinho de porco xD

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    1. Sr. Momotaro, limitar cores é um exercício e tanto! Senti isso outra vez quando arrisquei fazer aquele Kakashi só com tons de cinza, lembra? Diferente do lápis, que dá pra escurecer passando várias vezes no mesmo local ou clarear com borracha depois, os marcadores exigem da gente um planejamento maior, pois uma vez colorido, já era.

      Esses trabalhos dos artistas são incríveis mesmo, não só pela paleta definida quanto pelo tratamento que cada um deles dá pras cores. Dá pra ver isso bem também nas aquarelas do Bill Watterson; e pra fugir um pouco dos quadrinhos, jogo o Renoir na bagunça.

      Sobre o nariz da menininha, nas fotos de esquimós que eu vi, percebi uma certa tendência ao nariz bolotinha, daí queria que ficasse parecido com o do cachorro. Pelo visto, não ficou. xD

      Obrigada por comentar! o/

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  4. To bege...heheheh

    Adorei o estudo Nane e o nome veio a calhar. Aqui em SP choveu o dia todo.Conclusão: uma verdadeira quarta-feira de cinzas...rs

    Gostei muitíssimo de tudo.
    O que mais chamou minha atenção foi a parte em que você busca na mente um repertório para o cinza. Achei isso SUPIMPA e é um mega exercício para a mente. Vou adotar quando criar alguma coisa.

    Hoje acho mega importante fazer uma paleta antes de iniciarmos a pintura. Tenho feito isso quando trabalho com cores. Primeiro para encontrar a tonalidade desejada e segundo para não me perder...rs Vai que uso primeiro o vermelho tomate e depois pego vermelho alaranjado...rs Então, acabo separando só os lápis que irei usar para não correr riscos.

    O desenho final ficou muito lindo. O franzido da testa/"sobrancelha" do cachorro me deu a sensação de que ele está zangado...e realmente a menina ficou com narizinho de porquinho.rs,rs,rs

    Nane o trabalho é inspirador mesmo e me deu vontade de fazer um desenho sobre o inverno (que eu amo) de uma foto minha...rs quem sabe?!

    Parabéns.

    bjs

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    1. "Tô bege"... nunca entendi essa expressão! xD

      Silvia, nunca fui a São Paulo (capital), mas quando penso na cidade, ela está cinza faça chuva ou faça sol. A única coisa que consigo enxergar colorido é o a Liberdade. rs

      Então, esse processo de buscar as coisas na mente é um pouco da segunda tricotomia lá da semiótica peirceana (a do livro que você leu da Santaella). Falando nisso, aquele livro de Psicodinâmica da cor + o livro sobre Semiótica = uma boa fonte para criação, heim. ;)

      Quando a gente tem uma paleta definida, principalmente no lápis de cor, não há lei que te proíba pegar, posteriormente, mais alguns tons para dar efeito ou complementar a pintura. Eu tive um problema terrível da primeira vez que ganhei um estojo com 48 cores: escolher o que usar, porque dava vontade de usar tudo de uma vez, de tantas opções. Depois notei que mesmo com as 48, eu usava tipo uns 15 (no mááááximo) sempre! ¬¬

      Moça bege, vá para seu ateliê luxuoso desenhar esse inverno maravilhoso de que tanto gostamos, porque a coleguinha aqui tá curiosa pra ver no que vai dar. Aproveita que te bateu inspiração e põe no papel (ou na tela, ou na parede, ou numa camisa...).

      bjs!

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    2. Usei essa expressão para colocar uma cor apenas...podia ter usado "to azul", "to lilás"...rs A ideia era essa...rs,rs,rs,rs

      Sim, São Paulo é cinza por conta do puro concreto. Não vemos muito verde por aqui. E engraçado que eu ACHO que esse cinza todo faz com que as pessoas sejam mais rabugentas...

      Não tinha me atentado à tricotomia...

      Sim, realmente não tem lei mesmo que nos proíba de usar outras cores. Eu só quis exemplificar. Realmente Nane eu fico doidinha para usar todas as cores de uma vez....hahahahaha e acabo sempre me resumindo. Acredito que seja pela falta de prática ainda. Aliás, estou pintando com cores. Meus lápis de cor nunca foram tão usados. Não é fácil, mas a prática leva a perfeição...rs

      Adorei o ateliê luxuoso...rs Depois da uma olhada no meu pinterest (é assim que se fala?) coloquei umas imagens de ateliês LINDAAAAAAAAS só para ficar babando. Não que eu não ame o meu, mas é gostoso ver como é de outra pessoa...curiosidade feminina?...rs

      Já tenho em mente uma foto que tirei na neve (AMOR ETERNO). Vou tentar fazer alguma criação. TENTAR NÃO É PROMESSA, HEIM?!.....hahahahaha

      bjs

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    3. Hmmmmmm saquei!

      Olha, não sei se é curiosidade feminina apenas, mas acredito que todo mundo que tem o seu cantinho de desenho em casa morre de curiosidade para saber como o coleguinha - que também desenha - se organiza com os materiais. Olhar o cantinho do outro faz a gente ter ideia pro nosso próprio, e isso é bacana!

      Tá, não vou cobrar seu desenho na neve... Mas por favor, não desista dele. rs

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    4. Nane
      Não desisti, já escolhi a foto. Só estou matutando como fazer ele sem ser cópia fiel. Fazer o que vcs conseguem..rs Estou com o pensamento pensante no assunto...rs
      Ideias são bem vindas.
      bjs

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    5. Tenta fazer esse encadeamento de ideias, Silvia. Depois vai pegando fotos e desenhos de outras pessoas com esse mesmo tema, pra ver com elas solucionam. Materiais bacanas pra usar, já que você pediu ideias, eu sugiro aguadas de nanquim, lápis de cor, caneta gel, pastel oleoso...

      bjs

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  5. Adorei o trocadilho!
    E também concordo que o fato de vc escolher cores e material ajuda a exercitar a criatividade... o fato de lidar com "aqueles itens" vai te fazer achar um meio de conseguir...e cara isso é muito show!

    Construir a paleta e estudar as cores esta virando rotina pra mim, e eu acho lindo ver isso. Não é um charme ver paleta de cores?? Eu acho rrs

    Quanto ao seu desenho esta lindo!! Vontade de apertar o lobo, consigo sentir a fofura do pelo... esquimós ja são fofos e vc conseguiu deixar mais ainda...!

    Adorei a ideia e o todo!
    Parabéns!!

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    1. Me amarro em trocadilhos! XD

      Escolher material e cores também ajuda a gente a "sair da rotina". Uma vez participei de uma dinâmica com colagens para construir uma figura humana - só tinha papel colorido, cola e tesoura. Não dava pra fazer nada detalhado, bonitinho, mimimi, tinha que ser grosseiro mesmo, trabalhar silhueta, gestual... e foi muito legal!!

      Obrigada pelo seu comentário gentil sobre o lobo e a esquimó. Enxerguei um potencial para animação neles, ou numa série de ilustrações pra uma historinha infantil... Mas sou suspeita pra falar. (o*-*o)

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    2. ounnn historinha infantil!!! ja estou torcendo e aguardando !!

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    3. Já estou torcendo e aguardando!! [2]

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  6. Nossa, mt bacana o q vc fez!
    Geralmente, as pessoas pensam em coisas ruins relacionadas a cor cinza (poluição, situações tristes, etc), mas vc transformou em algo mt fofo *-*
    História infantil, boto fé xDD

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    1. Obrigada, Mari!
      Pois é, né? O cinza está bastante ligado a coisas ruins, e a minha "viagem" também passou por um monte de troço chato, mas depois uma coisa foi puxando outra, até chegar nesse resultado. Acredito também que esses significados variam de pessoa pra pessoa de acordo com o repertório imagético e/ou de situações relacionados à cor cinza.

      Tô vendo que vou precisar escrever essa história... ai ai!

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  7. Oi Nane, amo os desafios que vc propõe para si e concordo com você eles não limitam a criatividade, mas exercitam ela!!!

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  8. Oi Nane! Cai no seu blog por acaso quando pesquisava sobre as aquarelas líquidas da Aqualine e fiquei simplesmente apaixonada e muito inspirada (e sua paciência em transmitir seus conhecimentos é admirável haha)! Foi inclusive uma salvação pra coisas que tenho encostadas aqui, como os pastéis a óleo e os marcadores da Magic Color. Então tenho uma dúvida: qual tipo de pincel você usa pra mesclar o pastel a óleo? Certamente não são os mesmos usados na aquarela né. Pensei em tirar a teima eu mesma, mas depois ferro meus pincéis e aí fu, melhor te perguntar e deixar eles seguros hehe.
    Parabéns pelo blog, ganhou mais uma fã ♥ *-*

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    1. Obrigada Yasmin!!! Fiquei feliz.
      Bom, não uso os mesmos pincéis não. Dá pra usar o mesmo pincel pra várias coisas se você for bem cuidadosa na manutenção deles, mas se tiver condiçõe$, compre um diferente para cada material. O que costumo usar pra aquarela são os pincéis redondos de pelo de marta (também tenho usado um redondo sintético); pra nanquim uso uns de pelo de orelha de boi, mas dependendo do caso, também uso os redondos fininhos de pelo de marta; o que eu usei pra mesclar pastel oleoso foi um pincel chato de pelo de marta.

      Mas relaxa, que você só vai conseguir ferrar o pincel se esquecer de limpar ele depois. Nada que água corrente com sabão não resolva. Tem até quem vai mais além e passa um pouco de condicionador de cabelo nos que são feitos com pelos de bicho... =)

      Volta mais vezes! o/

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