sábado, 26 de abril de 2014

Estragos de Páscoa

Vida corrida essa de quem trabalha fora, heim? Às vezes o percurso de ida e volta cansa mais a gente do que a própria demanda de trabalho do dia, e quando finalmente estamos em casa, queremos mais é capotar na cama. Foi praticamente assim que passei o feriadão de Páscoa - capotada. Salve uma hora ou outra que eu acordava pra comer, conversar com familiares, jogar videogame e desenhar.

Mas o assunto de hoje não é bem o que eu fiz ou deixei de fazer no feriado, e sim a catástrofe que aconteceu com meu sketchbook azul: ele molhou e eu perdi vários desenhos. =T  Alguns eu até tinha escaneado, mas em baixa qualidade. Por exemplo:

Era assim, bonitão..... e depois de molhar, ficou assim.

E como você conseguiu essa proeza, Nane?
Por pura desatenção. Estava doida pra desenhar no fim da tarde do domingo, daí catei minhas trabalhas e decidi sentar na mesa da cozinha, que tinha melhor claridade na ocasião. Como a mesa estava meio suja com migalhas de pão, acomodei os materiais numa bancada enquanto limpava a mesa. Mas sabe aquelas pedras de granito escuras de bancada de pias de cozinha? Quando estão molhadas, não dá pra perceber de imediato, então imagine a minha surpresa/desespero ao levantar o sketchbook ensopado! Dos males, o menor: era apenas água.

O desenho que mais lamentei ter perdido foi um que fiz em etapas, e nos poucos minutos que sobravam do meu horário de almoço durante a semana, e que ainda não tinha escaneado. Um menino desses que vendiam jornal gritando "Extra! Extra!", que desenhei usando imagem de referência duma revista lá da agência onde trabalho.

As manchas acima são do primeiro desenho deste post,
cuja página entrou em contato direto com a água.

O motivo por eu ter sentido tanto pela perda dele foi pelo trabalho que tive em fazê-lo. Havia uma quantidade muitíssimo limitada de materiais em mãos, de qualidade não muito boa, e o resultado do estudo tinha ficado bom. A mistura dos tons de lápis de cor, o contraste das áreas sombreadas com a cor original do papel... enfim, a composição como um todo tava legal.

Depois que o feriado acabou, tomei coragem pra tentar refazer o desenho em outro sketchbook. Claro que não ficaria exatamente igual, mas achei que eu fosse ter mais facilidade na hora de colorir, porque ainda tinha fresquinho na cabeça as cores usadas, materiais e técnicas.

"Extra! Extra! Nane refez o desenho!"

Usei lápis de cor (desses baratinhos, que a gente sempre ignora na papelaria) para pintar o menino; na camisa usei laranja, azul claro e preto; no suspensório usei marrom e preto; pra pele e cabelo usei amarelo,  laranja, marrom e rosa claro; boné e calça preenchi com Tombow preta; para o fundo e as sombras no jornal usei Promarker  - cores ice gray 1 e 4.

A conclusão que eu cheguei foi que preciso ser mais cuidadosa.... Mas que nem tudo está perdido! Se você conseguiu fazer um, consegue fazer dois - mesmo que o segundo não seja igual ao primeiro, ele pode ser ainda melhor. Não que eu tenha achado meu segundo resultado melhor que o primeiro, mas com certeza eu consegui fazer o segundo com menos "esforço".

Isso volta naquela nossa discussão de sempre, né? Quanto mais você desenha algo, estuda, testa e experimenta, mais internalizado o processo fica na sua cabeça. Consequentemente, mais "fácil" fica resolver o problema depois, pois já está familiarizado com a solução.

Por hoje é só.
Até a próxima! o/

6 comentários:

  1. Eu acho que você deve tirar uma outra lição dessa história toda: escaneie seus desenhos sempre em alta. XD Tá, eu sei que era um estudo e sua intenção em escanear era só compartilhar a imagem, mas escanear em 150 e em 300 dpi tem uma diferença de tempo muito pequena, hehehe

    Brincadeiras a parte, sua lição cai naquilo que eu comentei ontem enquanto desenhávamos na tua casa: odeio planejar um thumbnail e depois não conseguir reproduzir a ideia no traço final. Mas de novo, você fala muito bem quando coloca sobre a internalização de processos, afinal o sketch em thumbnail serve justamente pra isso. Organizar as ideias sem muito esforço, ver o todo da figura de forma mais compacta podendo analisar melhor as relações dos elementos em primeiro, segundo e terceiro plano, questões de perspectiva, etc e tal.

    Enfim! Acho que muitos artistas acabam valorizando tanto o processo de nascimento do primeiro que esquecem o quanto é importante o fator repetição ao assimilar uma tarefa, e aqui você está mostrando claramente como isso pode ser benéfico. É visível que o segundo menino tem uma anatomia e expressão facial muito mais marcantes que o primeiro acidentado.

    Parabéns pelo esforço e pela garra em refazer o desenho! Ficou show! :D

    PS.: tenho uma pontinha de invejinha das cores dessa folha que você comprou, hahahahaha!
    Ficam muito lindos os estudos de tons de pele! Preciso ir lá comprar umas pra mim! :D

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    1. Com certeza tirei a lição de escanear as coisas, que antes eu só fazia quando via algum potencial extra pros trabalhos (como usá-los futuramente em outras mídias, por exemplo). O problema é salvar e organizar esse monte de desenho... vai ser um dia "perdido" só pra isso!

      Lembro que a gente discutiu isso na ocasião do TERDesign e dos demais estudos no NIC, mas a teoria, com o tempo, vai fazendo muito sentido na nossa vida quando paramos pra pensar nela enquanto praticamos seja lá o que for. É legal ter isso registrado, pois não é algo que nós duas estamos tirando o umbigo, né?

      Acredito que essa valorização venha do esforço na construção dele. O primeiro é realmente muito importante nesse sentido, porém os que o sucedem são tão importantes quanto, analisando a evolução da técnica, representação, etc.

      Obrigadona pelo comentário, Suco!!! \o/
      Eu tenho mais folhas sobrando aqui, se você tivesse falado antes, te arrumava umas neste fim de semana. São muito boas mesmo, não me arrependi. xD

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  2. Poxaaa Nane!! Imagino seu espanto ao ver o sketchbook molhado...e não poder torcer como nos desenhos animados =/

    Meu maior medo é derrubar o pote com água que uso nas aquarelas, estou usando um com tampa, mas nunca se sabe né?

    Como a Joyce disse é visível a evolução de um desenho para o outro...parabéns por refaze-lo, eu muitas vezes tenho preguiça, capricho nos "rabiscos" (thumbnail) pela empolgação e depois penso duas vezes antes de refazer...ate os mais simples rsrs

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    1. Quando vou trabalhar com aquarela, uso um copo alto e ponho 1/3 de água nele apenas, justamente pra evitar grandes estragos caso aconteça algum descuido. Outra medida importante é sempre deixar à frente do desenho, longe do alcance do cotovelo. xD

      Tô contente em saber que houve evolução de um pro outro. Ter esse retorno me faz sentir mais reconfortada pela perda que tive. rs E também fica de incentivo para refazer outros trabalhos. Dá preguiça, mas tô vendo que vale a pena. =)

      Obrigada por comentar.

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  3. Nane
    Eu teria uma síncope se uma coisa dessas acontecesse comigo. MORRO de ciúmes dos meus desenhos. E sou franca em dizer: não acredito que conseguiria desenhar de novo :(.

    Nem preciso dizer que o desenho é mais que lindo. Ficou suave e quase escuto a voz dele vendendo os jornais.

    Adorei as cores. Ficou suave e bem delicado.

    bjs

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    1. Silvia, eu fico impressionada como nossos desenhos são capazes de aguçar os seus diversos sentidos. Hahahahah! É muito bacana ter esse retorno sobre o trabalho.

      Também morro de ciúme dos meus desenhos, tanto os finalizados quanto os rabisquinho de referência. Mas aos poucos estou treinando o desapego... bem aos poucos. XD

      Obrigada pelo seu parecer técnico sobre uso de cores. Adoro esse retorno.
      Bjo

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