sábado, 18 de fevereiro de 2017

A borboleta e o pincel com reservatório de água

Senta, que lá vem história.

Introdução
Sabe quando você quer muito uma coisa e fica enrolando pra comprar? Eu era assim com o pincel com reservatório de água. Cheguei a fazer um usando tubo de caneta esferográfica (veja o post), mas o que eu queria de verdade era o danado do pincel de plástico, com cerdas certinhas.

Os dias foram passando, fui ficando sem tempo pra desenhar e acabei esquecendo não só do pincel, mas como uma boa parte das outras coisas que pretendia comprar pro atelier (se é que posso chamar o canto da bagunça de atelier). Então, numa maravilhosa quinta-feira, chego na agência e encontro essa coisa linda na minha mesa de trabalho:

"Para minha artista preferida fazer artes mais lindas ainda S2"
Pincel com reservatório de água - Aquash Brush, Ponta média - Pentel

Surtei com a surpresa! Pensa numa pessoa desesperada para o fim de semana chegar. Eu! E enfim, o fim de semana chegou, e cá estou postando o resultado de umas horas de diversão na varanda com aquarelas.

Continua sentado, que tem mais.
Como disse, estava na varanda. Quando não está chovendo, é pra lá que vou relaxar com meu material de desenho e fones de ouvido. Venta bastante à tarde e tem umas plantinhas bonitas, um local bastante agradável do meu lar para se tomar um café cappuccino, alugo para temporada.

Beleza, estava com os materiais e uma folha de papel em branco esperando pra ser usada bem na minha frente. E você que desenha, sabe muito bem que essa é a parte mais difícil do processo criativo: iniciar o processo. O que eu ia desenhar naquela folha pra testar meu brinquedo novo?

Foi aí que o pé de manjericão da varanda, que está florido, respondeu minha pergunta. Senti o cheiro da florzinha e isso me fez olhar pra ela e desviar o pensamento para outra coisa: "moro tão alto, não vem nenhuma borboleta ver as flores das minhas plantas". E pensar na borboleta me fez lembrar do primeiro livro de romance policial que li quando criança: O Caso da Borboleta Atíria, da Lúcia Machado de Almeida.

O livro era da minha mãe, que leu nos tempos de escola, e depois me deu pra ler. Lembrei das ilustrações do livro, como se estivesse com ele nas mãos.

Capa e ilustrações internas feitas por Milton Rodrigues Alves

Depois do momento nostalgia, busquei referências para esboçar o desenho. Queria desenhar a Atíria, então além das ilustrações que encontrei na internet, procurei saber mais sobre a borboleta em si, e folheei umas revistas em casa para achar referências de uma pose legal pra ela.

Minha seleção do resultado de pesquisa na internet

Pose que escolhi para desenhar. Adoro composição triangular...
(Foto da chef Paola Carosella, tirada por Gabriel Rinaldi, para a Revista GOL - nov 2016)

Próxima etapa foi esboçar e transferir o desenho para o papel próprio para aquarela. Hoje usei o Canson, 300g/m², no formato A4. Lembrando que para técnicas aguadas, é recomendável o uso de um papel próprio, ou de gramatura mais alta, para que as fibras aguentem a umidade sem "esfarelar", rasgar etc.

Rascunho, mesa de luz improvisada no vidro, e desenho no papel de aquarela.

Queria fazer minha versão da Atíria, mas mantive muitas características dos desenhos do Milton Rodrigues, como os headphones à Princesa Leia, e os sapatinhos... basicamente só mexi do modelito do colant, que ganhou um decote ousado. XD

Agora vou mostrar o passo a passo da colorização. Usei tinta aquarela em bisnaga da Pentel nas cores amarelo, ocre, sépia, azul cobalto e preto.

Etapas de colorização.

Como as asas da borboleta são amarelas, quis colocar um pouco de azul na roupa para dar um contraste pro desenho. A cor complementar do amarelo é o roxo, mas o azul é análogo do roxo, então tá tudo em casa.

Resultado e detalhes.

Agora tem borboleta na minha casa. Me diverti bastante, e fico feliz de ter conseguido compartilhar essa experiência aqui no blog. E você, já usou pincel com reservatório? Me conta...


Espero que tenha gostado. =)
Até a próxima!