quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Tipos de gravuras

Tenho visitado a cidade de São Paulo algumas vezes, sempre de maneira corrida, no estilo bate-e-volta, mas algo que tento fazer sempre que vou é visitar pelo menos algum centro cultural. Da última vez que estive lá, passei no Itaú Cultural, localizado na Av. Paulista, e trouxe lembrancinhas:

Meus lindos catálogos/Lembrança de viagem (?)

Todo centro cultural oferece, de forma gratuita, catálogos das exposições que estão acontecendo no momento, guia de acervo, etc. Além disso, alguns outros impressos podem ser disponibilizados gratuitamente. Os três impressos que trouxe são: um catálogo sobre a Ocupação Ilê Aiyê - que conta a história do primeiro bloco afro do Brasil, e um apanhado geral super interessante sobre a cultura negra no país; um livreto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completou 70 anos agora em dezembro; e o catálogo Imagens Impressas, da exposição das gravuras históricas.

Pois bem, foi o catálogo de gravuras que me deu inspiração para o post de hoje, pois vi que nunca falei sobre esse assunto de maneira mais aprofundada. Espero que goste. Vamos lá!

Gravuras
A gravura é uma das formas de reprodução de imagem e texto mais antigas que existe. "Gravura" vem de "gravação", que a grosso modo significa "esculpir" ou "entalhar". O tipo de gravura se define pelo material da matriz de gravação, que pode ser madeira, pedra, metal, borracha, cera...

Xilogravura - "xilo" quer dizer madeira. Portanto, xilografia significa "gravar em madeira" e xilogravura é a gravura feita com matriz de madeira. A precisão dos entalhes varia com o tipo de madeira escolhida para trabalhar, e os desenhos costumam ficar um pouco mais grosseiros em relação a outras técnicas. Para gravar em madeira, geralmente se usam goivas, mas recentemente, pirógrafos também vem sendo usados como ferramenta.

Moça Roubada - xilogravura de J. Borges.

No Brasil, as xilogravuras de maior expressividade fazem parte da cultura nordestina e estão presentes na literatura de cordel.

Litogravura - "lito" significa pedra. Mesma lógica de nomenclatura... Litografia é a gravação em pedra, e litogravura é a imagem resultante da matriz gravada. Por ser um material bem duro, as gravações em pedra são feitas ou com ferramentas de entalhe mais resistentes e de metal, ou com ácidos. No segundo caso, a pedra recebe uma camada de cera ou gordura e o desenho é feito sobre essa camada. Em seguida, se joga um ácido para corroer os espaços da pedra sem proteção.


Um processo beeeem trabalhoso, mas de resultado lindíssimo! O sonho da minha vida é um dia ter um ateliê imenso, cheia de maquinário que me permita usar a técnica que eu quiser. Custa nada sonhar, né? rs

Calcogravura - "calco" em grego significa cobre vermelho. Estamos falando aqui da gravura em metal. As matrizes são gravadas com ferramentas chamadas pontas secas, que são na verdade pontas finas em outros metais duros que servem para riscar o metal mais "macio" e produzir nele o desenho. Também é possível usar corrosivos no metal para gravar.

Calcogravura com água-forte de Carlos Oswald, acervo do Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM

É comum ouvir pessoas mais velhas se referindo à imagens em livros como gravura, e essa nomenclatura vem do processo de impressão de textos e imagens que era feito antigamente. Atualmente as gravuras ganharam um caráter muito mais artístico do que funcional, uma vez que possuímos tecnologias de impressão bem mais rápidas e eficientes para grandes tiragens. Reproduzir imagens se tornou cada vez mais fácil, e é comum termos scanners e impressoras em casa.

O catálogo de gravuras do Itaú Cultural pode ser folheado online. Nele tem mais informações sobre cada tipo de técnica de gravura e seus usos ao longo da história. Fora que apresenta vários exemplos maravilhosos! Vou deixar aqui pra vocês ;)



Já teve alguma experiência com gravura? Já tentei algumas coisas com xilo, mas confesso que não levei à frente. rs Qual a técnica que mais te atrai? Me conta aí, vai...

Até a próxima! o/

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Realizações x desilusões

Minha mão.

Essa é a minha mão do jeito que eu mais gosto de vê-la! Suja com materiais de desenho ou pintura, grafite, carvão, tinta, giz... seja lá com o que for. Com essas mãos sujas eu deixo marcas em tudo que encosto. Quando vejo essas marcas coloridas, sinto no coração a felicidade de quem faz o que gosta; e quando preciso lavar as mãos, um pouco dessa felicidade some também.

Até a próxima.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Vamos ao museu?

Quem nunca ouviu ou então falou aquela frase terrível "quem gosta de coisa velha é museu"? Nós estamos mal acostumados a associar "museu" com "lugar de coisa velha", e esse é um pensamento muito errado que internalizamos. O museu serve para guardar, cuidar e exibir elementos importantes para a cultura de um povo, sejam esses elementos históricos ou atuais. Por isso eles são tão diferentes uns dos outros, e atendem vários segmentos diferentes: arte, moda, história, cultura, música etc.

Isso parece coisa velha pra você?
Museu de Arte Digital de Tóquio.

Cada museu possui um acervo específico, isto é, os objetos de lá só serão encontrados lá. Porém, algumas vezes, as obras de arte podem ser "emprestadas" para exibição em outros locais por um período de tempo. Sendo assim, mesmo que não possamos ir a um museu famoso no exterior, podemos dar a sorte da exposição de lá aparecer em algum museu mais perto de casa.

Exemplo de exposição temporária que fui em 2012, no Museu da Vale, em Vila Velha - ES.

No Brasil há uma incidência maior de museus nas cidades históricas, ligadas diretamente ao desenvolvimento social, político e econômico do país. Em São Paulo, por exemplo, temos o famoso MASP (Museu de Arte de São Paulo), na Av. Paulista; no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã; Honestino Guimarães, em Brasília; Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais etc etc... Ainda que não tenha tanta divulgação, toda cidade tem pelo menos um museu no qual se é possível investigar, conhecer e apreciar a história e cultura locais!


Mas Nane, não entendo Arte!
Olha, muitas vezes, sem contexto, eu também não. É importante que, mesmo não entendendo de imediato, a gente busque informação sobre aquilo que está sendo visto. A Arte - que é uma forma de expressão cultural e social - muda constantemente e depende de um contexto para ser entendida.

Além disso, a função da arte também mudou. Em cada período da civilização, a arte apresenta uma função. Na pré-história, as pinturas rupestres tinham caráter mágico e representativo; nas civilizações antigas do Egito, Grécia e Roma, eram aliadas à religiosidade e política; na Idade Média, à doutrina Cristã; Renascimento, ainda ligada à Igreja, buscava a representação da perfeição e clássica. Só depois deste período que a arte passou a ser também uma mercadoria, e os artistas, além de artífices, se tornam negociantes de arte.

Sabia que algumas pinturas rupestres, que tem aí mais de 17mil anos, 
só foram descobertas em expedições do século XIX? 

Na Idade Moderna, sobretudo pós invenção da fotografia, a Arte se liberta, perde o caráter de ser a única forma de "registro da vida", e os artistas passam a pesquisar e testar novas técnicas e materiais em suas obras. O avanço da ciência e das tecnologias nesse período foi um dos principais aliados das artes.

Nos períodos pós guerra, tanto Primeira Guerra quanto Segunda Guerra Mundial, a arte se torna uma poderosa ferramenta de crítica social. Grande parte das obras que de cara a gente vê e "não entende" começam nesta fase. Sabe aquelas fotos cheias de indiretas que mandamos pros amigos/parentes/paqueras nas redes sociais? É tipo isso, só que feito de outra forma, e para outras pessoas. rs

Marcel Duchamp e suas obras "readymade" que questionavam a sociedade e a própria arte.
Movimento Dada - período pós Primeira Guerra.

Por isso eu digo, busquem o contexto, pesquisem a história, a geografia, a política, a sociedade, as questões filosóficas que cercavam (e motivavam) os artistas. Outra coisa, arte não é só desenho e pintura. Saiam da tela, apreciem esculturas, performances, músicas, danças, teatro... Arte está em tudo isso! Inspire-se. Frequentar museus te ajuda a entender as coisas.


Nane, no momento não tenho condições de ir no museu...
Seeeeus problemas acabaram! O museu vai até você.
Com a facilidade do mundo digital é possível fazer tour online em vários museus do mundo! Vou deixar alguns links para vocês se divertirem:

Istituto Inhotim (Minas Gerais)

Masp (São Paulo)

Pinacoteca (São Paulo)

Museu do Amanhã (Rio de Janeiro)

Museu do Louvre (Paris, meus amores)

O próprio Google tem um projeto de arte e cultura, no qual você pode pesquisar sobre artistas, movimentos artísticos, período, galerias, obras de arte... Uma infinidade de coisas. E esse projeto tem com parceiros museus do mundo inteiro, então é o banco de dados é bem farto: https://artsandculture.google.com/explore

Fica aqui então meu convite. Se conhece outros links interessantes de tour virtual, compartilhe aqui nos comentários. Conta pra mim sua experiência! ;)

Até a próxima!

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

GELOO e cartela de cor

Estive no Japão mês passado, realizando os sonho da minha vida! Tive oportunidade de conhecer muitas lojas de mangá, museus, e, lógico, lojas de artigos de arte e papelarias. Consegui trazer algumas coisas pra testar aqui ateliê, e hoje vou falar um pouco das canetinhas hidrográficas brushpen da marca GELOO, que ganhei de presente da minha amiga que mora lá.

Canetinhas GELOO

Não existe muita informação sobre essas canetinhas disponível na internet. Fiz uma busca no Google em japonês e encontrei para vender na Amazon Japão. Na embalagem mesmo não tem muita coisa escrita, nem dados do fabricante. Com as descrições da loja Amazon, descobri que são de uma fábrica chinesa, que só produz e distribui, não faz venda. Me senti bem perdida! rs

O meu conjunto tem 60 cores e vem nessa embalagem redonda de papelão compensado, bem resistente. Consta as informações de que são canetas hidrográficas - ou seja, à base de água -, com duas pontas, para utilizar em atividades de colorir, material escolar e escritório, artesanatos do tipo "faça você mesmo", esboços etc. É recomendado tanto para crianças quanto adultos.

Pontas das canetas GELOO

As pontas de pincel são bem parecidas com as dos marcadores Tombow, são arredondadas e de feltro. Precisa ter cuidado com o papel em que vai usar, pois sai muita tinta! Já as pontas finas da outra extremidade são similares às canetas Stabilo. As cores são super bonitas e vivas, mas ao contrário das Tombow, não consegui notar a possibilidade de misturá-las em matizes e degradês.

Sobre o material da tinta em si, acho que o equivalente disponível no mercado brasileiro seriam as canetinhas hidrográficas da Faber Castell ou Compactor, da linha escolar. A diferença mesmo são as pontas e a quantidade de carga. Acredito que as GELOO tenham mais mililitros de tinta.

Cartela de cor - GELOO

As canetas não têm sequer indicação dos códigos das cores. Fiz uma cartela de cor por conta própria e etiquetei a tampa de todas elas por meio de um sistema que fazia sentido pra mim. Geralmente os materiais de desenho possuem esse código, e facilita bastante no caso de reposição depois.

Você pode fazer suas próprias cartelas de cor dos materiais que tem em casa. Mesmo os que já possuem código podem ser catalogados para que você saiba exatamente qual é qual, e qual a verdadeira cor deles, uma vez que as cores das tampas da caneta nem sempre fazem jus à cor do pigmento delas. 

Fiz um modelo de tabela igual a que usei para as GELOO para você imprimir, se quiser. O formato é A5, dá para imprimir duas em um papel A4. Tem 60 espaços, e no topo você pode colocar o nome do material e a quantidade total de cores dele. É só clicar na imagem abaixo e salvar.

Tabela vazia para fazer a sua cartela de cor.

Testei as canetas colorindo uma fanart que fiz da minha personagem favorita da série de mangá e anime My Hero Academia - a Tsuyu Asui. Esse anime conta a história de uma escola para formar super-heróis, e cada aluno possui uma individualidade (habilidade especial), e a dessa personagem é basicamente ser um sapo.

Processo de colorização com GELOO - Tsuyu Asui

A cobertura da tinta é boa e a secagem é bem rápida. Se a área para cobrir for grande, vai ficar um pouco manchado. Pra deixar uniforme é preciso esperar secar e cobrir novamente. Não dá pra fazer sobreposições e misturas, mas a quantidade de cores da caixa possibilita brincadeiras com tonalidades próximas.

Resultado do desenho, usando canetinhas GELOO

Além da cartela de cores, fiz uma tabela com as cores que usaria no desenho. Quanto mais opções temos, mais perdidos ficamos, certo? Por isso selecionei 18 cores para compor todos os itens. Segui referência da paleta da Asui na internet para fazer essa seleção. Fazer isso antes de colorir ajuda muito a não errar, pois já crio uma imagem do desenho pronto na cabeça.

A conclusão que cheguei foi que conseguimos efeitos muito parecidos com canetinhas comuns. A vantagem da ponta pincel é poder cobrir uma área maior em menos tempo e dar efeito de variação de espessura da linha com mais facilidade. Gostei bastante do presente! Farei muitos desenhos e exercícios de lettering, com certeza!

Curtiu? Deixe um comentário e vamos trocar ideia.
Até a próxima!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Urban sketching

Desenhar cenários, paisagens, cidades sempre foi a minha maior dificuldade, e não tenho vergonha nenhuma em dizer isso. Mesmo sendo uma dificuldade declarada, nunca recusei um projeto envolvendo esse tipo de esforço só por não ser meu ponto forte. Ao contrário, encarei essas chances como oportunidade de desenvolver um pouco mais esse lado.

Na postagem de hoje vou apresentar dois livrinhos que adquiri há algum tempo e que estão me ajudando demais com o estudo. O primeiro, na verdade, foi um presente que ganhei de uma colega na agência que trabalhei: Paisagem Desenhada, de Tarcísio Bahia de Andrade; e o outro livro, que encontrei por acaso na livraria e comprei, é o A Perspectiva em Urban Sketching, de Bruno Mollière.


Paisagem Desenhada

Neste livro há vários desenhos do artista. A base, na maioria das vezes, é feita com nanquim, e quando os desenhos são coloridos, dá para perceber o uso de diferentes materiais no processo de colorização.

Capa: Paisagem desenhada - Tarcísio Bahia de Andrade - Editora Cousa

O livro é uma compilação dos desenhos de vários locais em Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O traço é bem solto e representativo, e por isso uso como uma fonte de referência.

Miolo: Paisagem desenhada - Tarcísio Bahia de Andrade - Editora Cousa

Além das paisagens, também é possível encontrar alguns esboços e detalhes de arquitetura. O trabalho do artista é interessante, os desenhos explora diferentes texturas e, pessoalmente, isso me atrai muito num trabalho visual.


A perspectiva em urban sketching

Já é o terceiro livro que compro dessa editora! Recentemente conheci a GG adquirindo um livro sobre Aquarela e fiquei surpresa com a quantidade de publicações que essa editora tem destinadas às áreas das artes, arquitetura e design. A perspectiva em urban sketching, em especial, mexe em duas feridas que tenho: cenários e perspectiva.

Capa: A perspectiva em urban sketching - Bruno Mellière - Editora GG

O livro em si é bem didático e de uma linguagem extremamente simples e compreensível. É dividido em capítulos e em cada um é falado sobre uma particularidade do desenho de espaços urbanos, com dicas interessantes para que o processo todo pareça mais fácil. Virou um xodó, de verdade.

Miolo: A perspectiva em urban sketching - Bruno Mellière - Editora GG

Além de muitos exemplos de paisagens urbanas desenhadas, o livro apresenta fotos e esquemas que facilitam bastante a compreensão dos conceitos propostos. Para quem quer começar a se enveredar por este caminho ou aperfeiçoar o que já iniciou, é um apoio interessante. Pelo menos pra mim tá sendo de grande ajuda...


Beba de outras fontes

Me ative em dois livros que tenho na estante, porém, os materiais de referência vão além deste espaço. Existem muitos materiais online disponíveis para estudo também, e portfólio de artistas disponíveis em plataformas digitais que podem ser acessadas sem a necessidade de criar uma conta nelas. Vale a pena pesquisar a área de interesse e selecionar os materiais que melhor atendem à sua demanda no momento. ;)

Essas foram as dicas de leitura de hoje, espero que tenham gostado e que tenha sido útil. Deixe seu feedback nos comentários. Se tiver também alguma dica de outras fontes sobre urban sketch, ou artistas que recomenda, será super bem-vindo. Vamos trocar experiências!

Abraço!
Até a próxima!

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Bruxa a solta!

Dia desses, inspirada pela lua cheia, rabisquei uma bruxinha e acabei usando o desenho para testar um conjunto de canetas permanentes pretas - dessas de uso geral - que ganhei. Cheguei a postar o resultado no Instagram, e vou mostrar as etapas hoje por aqui.

Não usei referências externas, me baseei no senso comum que temos sobre bruxas usarem chapéu pontudo e voarem em vassouras. Como no momento do desenho eu estava com o humor compatível ao tema, acabei emprestando algumas características físicas minhas à personagem.

Rascunho.

O rascunho foi feito em papel cartão e usei apenas lápis HB. Era apenas um desses rascunhos que a gente faz enquanto conversa ou assiste alguma aula, sabe? Mas achei que ficou fofo e guardei para testar com as canetas permanentes.

O conjunto é formado por duas canetas, ambas com duas pontas, uma em cada extremidade da caneta. A caneta menor possui uma ponta redonda de feltro, e outra ponta fina também de feltro; a caneta grossa possui uma ponta redonda e outra ponta chanfrada.

Linhas de contorno feitas com caneta fina.

Usei a ponta fina da caneta meno para fazer a linha de contorno. O traçado fica bem uniforme e possui poucos pontos de variação na espessura. Como o papel cartão é um pouco poroso, as linhas devem ser traçadas de forma contínua para evitar acúmulo de tinta ao longo do caminho.

Preenchimento feito com caneta grossa.

A imagem acima mostra a diferença de espessura das duas canetas. Com a ponta chanfrada da caneta mais grossa preenchi as áreas pretas do desenho sem medo de ser feliz. A cobertura da tinta das canetas permanentes é muito boa e resistente à água. Isso me permite usar tranquilamente em projetos de curta duração como letreiro, cartaz manuscrito, endereçamento de encomendas, etc.

Mas Nane, por que você não pode usar em outros projetos? 
A carga dessas canetas permanentes são compostas por solventes que, com o passar do tempo, amarelam o pigmento. Já falei desse "probleminha" no post nem toda tinta preta é nanquim. Vale a pena dar uma conferida, caso ainda não tenha visto.

Bruxinha colorida.

Para colorir usei marcadores Bic e Promarker, e caneta gel branca para os picos de luz. O resultado me agradou muito e, assim como outros desenhos que fiz, já fiquei imaginando o desdobramento como estampa de alguns produtos (camisa, caneca, essas coisas...). Foi um processo divertido e despretensioso, que resultou em mais uma peça interessante para minha pastinha de desenhos.

Moral da história: não subestime os rabiscos que faz ao telefone, durante as aulas, ou enquanto espera na fila do atendimento de algum serviço. Eles podem ser base de algum material bacana futuramente. Seja para uso comercial ou como objeto de estudo... Vale tudo!

Abração a todos. Até a próxima! o/

terça-feira, 3 de julho de 2018

Desenhando melhor em 4, 3, 2, 1...

Procurar desenhar melhor é uma luta constante que temos, ainda mais porque estamos sempre nos comparando a outros desenhistas, né? Bom, primeiramente devemos entender que cada pessoa tem a sua maneira de desenhar e ainda que tenhamos interesse pelo mesmo estilo, cada artista desenvolve uma característica própria em seu trabalho.

Reparou que usei a palavra "desenvolve"? Não cai do céu! Essa característica própria adquirida pelo artista é, na verdade, o resultado de um processo - muitas vezes extenso, pessoal e exaustivo - de busca por aperfeiçoamento constante de seu próprio trabalho.

Pegue um cappuccino (ou uma bebida de sua preferência) e sente para conversar comigo, porque hoje vou falar de quatro coisas básicas com as quais, na minha opinião, precisamos nos habituar para melhorarmos nossa maneira de desenhar, principalmente para quem tem intenção de se profissionalizar fazendo isso. De certa forma, essas tais "coisas básicas" se aplicam também as várias outras carreiras. Mas, como sou ilustradora, os exemplos usados no post de hoje serão voltados mais especificamente para as artes. Vamos lá?

4 - Leia até seus olhos caírem
Ao longo da vida escutamos bastante a máxima de que "só aprendemos na prática", mas a teoria é igualmente importante para o aprendizado, pois lapida o fazer. Isto é, sabendo a teoria podemos praticar com mais confiança, os processos são otimizados quando sabemos o que e como fazer.


Livros sobre arte e desenho.

Leia textos sobre sua área de interesse, sejam livros, artigos, blogs... Construa sua própria biblioteca, não importa se ela for física ou digital, mas adquira sempre conhecimentos novos. Procure o saber teórico tanto de autores conhecidos, quanto das pessoas que gentilmente postam em seus sites/blogs suas próprias experiências e frustrações.

3 - Busque referências e se atualize
Quando se procura por leituras, consequentemente conhecemos artistas cujas obras nos chamam atenção. A apreciação dessas obras contribui para a construção de repertório.

Guarde aquele desenho legal que viu na revista ou salve no computador aquela ilustra bacana que apareceu numa pesquisa; monte um fichário ou uma pastinha de referências; siga os artistas nas redes sociais e acompanhe a evolução deles; veja histórias em quadrinhos e animações com outros olhos, perceba como as figuras são desenhadas e o que está na moda; procure outras obras do ilustrador daquele livro que você leu e curtiu na escola... Vá além: visite museus e galerias. Muitos possuem tour online pelos sites e contas nas redes sociais. Não tem desculpa, é só seguir!

Alguns artistas que sigo no Instagram; e minha ida à Pinacoteca, em São Paulo.

Esse tipo de referência ajuda demais! Com o tempo e o contato constante com trabalho de outros profissionais, você já saberá o que olhar quando precisar de ajuda com algum desenho. Mesmo que essas pessoas não convivam diretamente com você, ou nem fale seu idioma, é possível analisar suas obras e extrair delas algum aprendizado.

2 - Tenha materiais adequados
Não precisa gastar uma fortuna com materiais pra começar a desenhar. Pense nos materiais como suas ferramentas de trabalho e tenha à mão inicialmente apenas o que você realmente precisa. Vá abastecendo sua "caixa de ferramentas" de acordo com a demanda.

Minha área de trabalho.

Também é muito importante ter o seu espaço sagrado para desenhar. Mantenha seu cantinho de desenho sempre limpo e organizado para aproveitar melhor seu tempo nele.

1 - Treine constantemente
Recentemente os posts que minha vizinha de blog, Joyce, anda fazendo para o Caixola me deixaram bem motivadas para retomar o treino. Um deles foi o hábito de estudar, no qual relata a rotina de estudos sobre desenho de figura humana quem vem fazendo. Dá para notar o progresso que ela teve desenhando 20 minutos diariamente. Gente, vinte minutos! Parece pouco, mas faz uma enorme diferença.

Estudos de corpo humano que fiz há um tempo.

Só para esclarecer: ficar parado não faz com que a gente desaprenda a desenhar, só nos enferruja, e com isso acabamos ficando mais lentos para solucionar os problemas no desenho. Treinar diariamente nos agiliza física e mentalmente; a qualidade do acabamento melhora, os erros diminuem, otimizamos o tempo... Só temos a ganhar com isso. ;)

E aí, curtiu?
Concorda que seguindo essas dicas fica muito mais fácil buscar resultados? Não esqueça de compartilhar suas experiências, pois você pode ajudar outras pessoas com elas.

Até a próxima! o/

sábado, 23 de junho de 2018

5 dicas para economizar caneta nanquim

De tempos em tempos organizo meus materiais de desenho e jogo fora aqueles que não consigo mais usar -  os vazios, os que estragaram/secaram com o tempo, etc - e faço uma lista do que deve ser reposto. Um dos principais itens que monitoro são as minhas canetas nanquim descartáveis, que ultimamente estão durando bastante devido ao modo como as utilizo.

Vou deixar no post de hoje umas dicas de como fazer o material render, uma vez que os valores das canetas estão subindo desesperadamente. Para isso, conto com a ajuda do meu modelo, príncipe Vegeta, desenhado especialmente para este post. rs

Vegeta, personagem da série Dragon Ball Z - Nanquim sobre papel offset 180g/m², formato A5.

1) Procure opções mais baratas
Para trabalhos profissionais e que exijam qualidade a longo prazo, recomendo ter no seu estojo algumas canetas nanquins (nanquiiiim mesmo) descartáveis ou reutilizáveis. Se o desenho que você for fazer tem como finalidade um estudo, um rascunho rápido, algo pessoal e momentâneo, que não justificaria gastar um material tão caro, use outras canetas pretas mais em conta. 

Opções de canetas pretas mais baratas para desenhar.

Quando estava começando a desenhar histórias em quadrinhos, gostava de contornar tudo com caneta preta mas não me atentava à qualidade delas. No post "Nem toda tinta preta é nanquim" expliquei a diferença entre as canetas pretas, avaliando sua composição e mostrando o efeito que elas dão a longo prazo.

2) Faça rascunhos, esboce mil vezes se for necessário!
Meus rascunhos iniciais são uma bagunça. Uso pouco a borracha neles e faço uma quantidade absurda de riscos no mesmo lugar para obter um traço correto. Depois disso, com ajuda do vidro da janela da mesa de luz, faço um "esboço limpo".

Rascunho sujo em vermelho e rascunho limpo em azul.

Na imagem acima é possível comparar duas fases diferentes de rescunho do mesmo desenho. Faço o segundo rascunho aproveitando as melhores linhas do rascunho anterior e a partir dele vou adicionando detalhes. A arte final em caneta só vem depois que o rascunho está devidamente resolvido.

3) Preencha grandes áreas usando tinta
Uso caneta nanquim no contorno dos desenhos, mas para preencher áreas maiores, vou no pincel e tinta mesmo. Uma prática comum na arte final de quadrinhos é marcar com um "x" as áreas que serão preenchidas com nanquim, desta forma tanto o desenhista quanto o ajudante entendem o que é para ser feito.

Preenchimento das áreas marcadas com o "x" com tinta nanquim .

Imagina o tempo que eu gastaria para preencher essas áreas com caneta! Com tinta e pincel é bem mais rápido, fora que rende muito mais. 20 ml de nanquim Acrilex está na faixa de R$1,50 ~ R$2,00 e dá pra fazer uma porção de Vegetas iguais a esse.

4) Tenha pelo menos uma brush pen
Para preenchimento de áreas não tão grandes, recomendo usar brush pen - canetas com ponta de pincel de cerdas ou de feltro. Também existem vários tipos à venda, tanto nanquim quanto marcadores à base de álcool ou à base de água, de valores diversos.

Minhas brush pen.

Além de preenchimento, podem ser usadas para acabamento de linhas de contorno. A variação de peso proporcionada pela ponta dessas canetas dá um efeito interessante no desenho que seria difícil alcançar com a mesma precisão usando um pincel. Quem faz lettering também usa bastante!

5) Arte finalize digitalmente
As mesas digitalizadoras permitem desenvolver o processo todo digitalmente, desde o rascunho até a colorização. No entanto, mesmo quem não possui um desses recursos pode alternar as etapas fazendo contorno com técnicas tradicionais e depois selecionando e preenchendo as áreas pretas maiores em um programa editor de imagem sempre que possível.

Selecionando área e preenchendo digitalmente.

Essas foram algumas dicas de como fazer render e evitar desperdício dos materiais mais caros. Claro que cada caso é  um caso e alguns projetos demandam uso de materiais específicos. 

Ao mesmo tempo que economizar é importante, recomendo uso dos bons materiais em testes para que você consiga entender como funcionam e como podem ser bem aproveitados em seus trabalhos. Com o tempo e experiência, você mesmo vai ser capaz de julgar qual marca atende melhor suas necessidades, sejam elas amadoras ou profissionais.

Fico por aqui! Se já segue essas dicas ou tem mais alguma pra compartilhar, deixe seu comentário e vamos trocar figurinhas.

Até a próxima! o/

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Lettering - wi fi só depois

Olá, tudo certo? Desenhando muito?

Na semana passada tive uma experiência muito boa: arrumei a casa inteira. No começo foi complicado e deu trabalho imenso colocar tudo no lugar certo, mas o resultado foi ótimo. Nessa história, o ateliê/escritório ficou mais organizado e a vontade de produzir aumentou. Antes eu olhava pra bagunça em cima da mesa e sentia preguiça de fazer qualquer coisa, mas agora tento manter todas as coisas no lugar certo para não desperdiçar os meus surtos criativos.

Um desses surtos ocorreu quando terminei de limpar os armários da cozinha. Tenho duas prateleiras que ficam em cima da geladeira viradas para a sala de estar e uma moldura vermelha que estava vazia na gaveta de materiais. Pensei em unir o útil ao agradável colocando um quadrinho com alguma frase legal sobre cozinhas, mas ao procurar inspirações e referências, encontrei uma frase que chamou mais atenção: "wi-fi só depois de 30min de conversa".

Resultados de pesquisa de imagens no Google.

Como pode ver, existem vários modelos dessa frase, feitas à mão ou digitalmente, composições coloridas ou monocromáticas. Me apeguei mesmo à frase em si e quis fazer minha própria composição à mão.

Esboços iniciais.

Defendo que todas as ideias devem ir primeiro pro papel! Além de conseguir visualizar em tamanho real, com o rascunho eu pude fazer teste de legibilidade das letras.

Verifiquei que a escolha das letras não deu muito movimento pra composição. Quando falo de movimento, me refiro a sensação causada pelo caminho que olho faz no texto. O único elemento que proporcionava isso era aquele "de" como se fosse uma linha. A partir daí, experimentei outros estilos, mantendo a composição.

Esses foram alguns testes de letras cursivas para quebrar a monotonia.

É importante rascunhar tudo antes de finalizar. Quando você visualiza o rascunho de maneira mais crítica, consegue perceber erros e corrigir a tempo. Mostre para outras pessoas e peça opinião nessa fase, trazer olhares de fora pode ajudar a enxergar coisas que a gente não vê durante o processo. Bem melhor do que gastar aquele material caro pra finalizar e ter que refazer.

Processo de finalização em nanquim.

Quando cheguei na composição que julguei mais interessante, corri pra mesa de luz e passei o rascunho bruto para um novo rascunho, com grafite bem de leve, já no papel definitivo. Em seguida, passei caneta nanquim no contorno das letras e fiz o preenchimento com nanquim tinta.

Quadrinho finalizado.

Esse foi o resultado do estudo de lettering da semana. Achei que ficou bem divertido, e ameniza um pouco o impacto que a frase (pesada e reflexiva) proporciona.

Gostou? Deixe seu comentário. Vamos trocar experiências!
Até a próxima! o/

terça-feira, 29 de maio de 2018

Mermay 2018

Maio está acabando e com ele se vai mais um mermay - evento no qual artistas do mundo inteiro se dedicam ao desenho de sereias, honrando o trocadilho em inglês: mermaid (sereia) + may (maio). O objetivo nesses eventos, acredito eu, não é ganhar algum prêmio mas sim poder exercitar técnicas e criatividade. E, consequentemente, trocar experiências com outras pessoas, conhecer outros estilos, expor seus trabalhos... Não vamos esquecer que redes sociais são vitrines incríveis!

É a segunda vez que "participo". Coloquei entre aspas porque a minha produção, comparada à de outras pessoas, não foi muito volumosa. No entanto, foi divertido desenhar as sereias e tentar usar materiais diferentes em cada uma. Postei algumas fotos no meu Instagram, mas como lá não é possível falar detalhadamente sobre cada uma delas, vou inserir as informações por aqui, na postagem de hoje.

Sereia 1
Podem rir se quiser, mas a inspiração da primeira sereia veio da atriz Marina Ruy Barbosa. Na ocasião, estava desenhando e assistindo TV ao mesmo tempo, no horário do Video Show, e apareceu uma matéria com ela sobre a novela Deus Salve o Rei. Sereias ruivas são um clássico desde a Ariel, da Disney, mas por incrível que pareça, primeiro pensei na Marina. xD

Sereia Marina - cujo nome tem tudo a ver com mar, vamos combinar.

Sobre a pose, também pensei no clichê da sereia sobre as rochas, olhando o mar e tal. Como sempre deixam um pedaço do rabo pro lado de fora da água, achei justo uma gaivota esfomeada tentar se aproveitar da situação.

No desenho usei caneta nanquim de pontas variadas, marcadores à base de água da marca Tombow, marcadores à base de álcool da marca Promarker, lápis de cor; para detalhes usei caneta colorida de ponta fina e caneta gel branca.

Sereia 2
Estava com fome quando desenhei a segunda sereia. Fome de algo específico: sushi. Pesquisando referências na internet, vi uma foto maravilhosa de um sushi feito com camarão que saltou aos olhos e encheu a boca! Consiste em um bolinho de arroz com um camarão descascado, sem cabeça e pré-cozido (às vezes até cru) por cima.

Ebi sereia sushi. Ebi = camarão em japonês.

Camarão não é um peixe, mas pensei que seria no mínimo muito engraçado ver alguém metade camarão. O cabelo da sereia foi inspirado em ovas de peixe, usada para preparar alguns sushis. Usei nanquim, marcadores Tombow e caneta gel branca.

Sereia 3
Para a terceira sereia, continuei com a ideia de trabalhar outros animais marinhos que não são peixes, como por exemplo a água-viva.

Sereia água-viva

O mais desafiador nesse desenho foi conseguir o efeito de transparência da água-viva. Para isso, usei vários tons de azul, sobrepondo camadas. Também usei nanquim e caneta gel branca.

Sereia 4
Tenho uma horta na varanda e uma aquisição recente foi uma planta chamada "peixinho da horta", cujas folhas podem ser empanadas e fritas, lembrando gosto de peixe. Sim, uma planta com gosto de peixe... prato cheio para inspiração!

Peixinho da horta, bem caipira.

Queria que a textura do rabinho dele ficasse parecido com a folha da planta, que como podem observar na imagem acima, parece ter pelinhos. Não ficou lá grande coisa, mas valeu pela piada e serviu de experiência.

Sereias 5 e 6
Voltei aos peixes e fiz uma sereia baiacu e uma sereia cavalo-marinho. A baiacu foi feita num dia em que eu estava bem estressada, querendo explodir. Desenhar é bem libertador nesse sentido, pois a gente consegue externalizar os sentimentos de maneira nem sempre sutil.

Sereia baiacu - cheia do veneno! xD

Misturei marcadores e lápis de cor, e o processo de colorização acabou me acalmando o suficiente para pesquisar sobre cavalos-marinhos. Não lembro de ter desenhado um antes, então precisei olhar varias fotos e fazer alguns rascunhos para aprender.

Sereia cavalo-marinho beijoqueira.

Uma das características do cavalo-marinho que acho mais graciosa é o fato de terem um biquinho prolongado, que dá impressão de estarem mandando beijos a todo instante. São umas fofuras!! Fiz uma sereia bem apaixonada e caprichada no dourado.

Nesse desenho misturei marcadores e lápis de cor em tons de amarelo e laranja, caneta nanquim e caneta gel branca. Como os marcadores amarelos tem uma cobertura bem forte e o papel não aguentava muitas camadas, trabalhei as sombras com lápis de cor. Achei que a variação de texturas ficou bem legal.

Conclusão
Vale à pena se permitir participar de alguns eventos, ou então criar sua própria rotina de estudos para experimentar novas técnicas, novos materiais, novos estilos. Não gosta de sereias? Escolha um tema que te agrade, faça fanart daquele seu desenho animado preferido. O importante é se manter sempre em movimento, estudando, praticando, experimentando, errando, corrigindo, insistindo...

Vou finalizar por aqui (embora eu queira continuar escrevendo sem parar), mas todo comentário é bem vindo, e se tiver alguma curiosidade sobre algum processo, fique à vontade. Conte também sua experiência! Já participou de algum evento?

Até a próxima! o/

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Como disse Van Gogh...

Há muitos anos atrás, depois que inventaram a fotografia, as artes começaram a se libertar um pouco do formalismo. Resumindo em poucas palavras, rolou o seguinte: o realismo a fotografia já faz, bora explorar coisas novas! E a partir daí os pintores começaram a estudar mais a física da cor, os novos materiais, novos formatos, variações de tempo, novas técnicas. Esse período inicial de mudança, conhecido como Impressionismo, ganhou meu coração.

Um dos artistas que admiro muito o trabalho, que infelizmente teve uma trajetória muito curta, é o holandês Vincent Van Gogh. Recomendo, inclusive, um filme biográfico chamado Com amor, Van Gogh (tem no Netflix). É bem interessante, principalmente pela técnica de animação usada para fazer o filme, que simula o estilo de pintura do artista do começo ao fim. #sóamor

Livro da coleção Grandes Mestres, da Editora Abril

Mas por que eu tô falando dele? Porque foi a partir de uma frase dele que tive ideia pra um estudo com lettering e tinta acrílica: "Coloquei meu coração e minha alma no trabalho e perdi minha mente no processo". Essa fala sintetiza não só os momentos de "insanidade" dele, mas como representa o nosso fazer artístico. Quantas vezes ficamos imersos num trabalho/projeto e nos desligamos do mundo?

Quando li a frase, pensei "preciso escrever isso". E, como uma coisa vai puxando a outra, passei a pensar em como escrever, onde escrever, para quê, essas coisas todas... Fui buscar inspiração relendo o livro que mostrei acima, e encontrei numa página o recorte de uma das obras mais famosas dele - Noite Estrelada (Ciprestes e Vila).

Detalhe de Noite Estrelada no livro.

Nós aprendemos a ler obras de arte na escola, e o exercício geralmente é acompanhado com um pedido de releitura. Quando estudamos História da Arte na graduação, esse exercício criativo dificilmente existe, e ficamos no processo teórico. No estudo de hoje tive oportunidade de praticar um pouco da teoria.

Longe de mim querer ser Van Gogh, ou ter pretensão de fazer algo igual ao que ele fazia, até porque o contexto (histórico, cultural, político, tecnológico, etc) é completamente outro.

Van Gogh usava tinta à óleo, e para a proposta que tinha em mente optei trabalhar com tinta acrílica, que como expliquei aqui no blog, proporciona efeito parecido. Depois de definir o material, escolhi o tamanho da área para trabalhar e fiz testes de composição com a frase - que preferi trabalhar em inglês.

Testes de composição e estilo das letras.

A ideia original seria dividir o A4 para fazer dois quadrinhos A5, nos quais um traria a releitura e o outro traria a frase escrita. Porém, pra conseguir dar ideia de continuidade, o ideal seria trabalhar com o papel inteiro e só depois cortar.

Tinta acrílica sobre papel offset 120g/m²

O processo me tomou completamente, fiquei imersa o tempo todo! Quando preenchi a área do papel que emolduraria a frase, confesso que senti uma leve tristeza em ter terminado. Foi uma experiência muito gostosa e que casou perfeitamente com meu lado ansioso.

Dos testes de composição para o texto, escolhi usar o que simulava a letra de Van Gogh. Para chegar nessa letra, dei uma estudada nas assinaturas do artista em suas telas a fim de entender o gestual dele ao assinar. O resultado pode ser observado na imagem abaixo.

Frase escrita com letra inspirada na assinatura de Van Gogh.

Fiz direto no pincel, misturando as cores em cada pincelada. Deu um trabalho danado, mas considerei o efeito que consegui bastante satisfatório para a proposta.

Detalhe da grafia.

Depois de ver pronto, fiquei numa dúvida se deveria fazer a composição com dois quadros A5 ou se manteria a peça inteira em uma moldura A4. Aceito sugestões.

Estou em dúvida sobre qual composição fazer.

Meu processo criativo não encerra aí. Acredito que compartilhar a experiência no blog também faz parte desse processo, e como tal, vai rendendo ideias novas e desdobramentos. Enquanto escrevia, pensei que poderia fazer uma série com outros quadros de Van Gogh, e também que valeria experimentar emoldurar frases de outros artistas seguindo seus estilos.

Você tem artistas preferidos? Quais são suas referências? Acredito que fazer uma visita a eles te proporcionará um dia bastante agradável. O que acha da proposta?

Até a próxima! o/

terça-feira, 20 de março de 2018

Estampa - Zelda Breath of the Wild

Tô eu falando de Zelda de novo né... pra variar!
Na verdade, eu vou falar é de processo criativo, e qualquer coisa pode ser motivo para o despertar da produção. No meu caso, a inspiração veio desse jogo de videogame que é puro amor! Toda vez que jogo, sinto vontade de desenhar, pois o visual é incrível, os cenários e personagens maravilhosos...

Olha esse artwork! 

Num desses surtos de tietagem, fiz uma série de desenhos do personagem principal - Link - no sketchbook, mostrando algumas atividades dele durante as missões do jogo. Na época eu estava a todo vapor com as tirinhas do Casal Chan, daí usei mais ou menos o mesmo estilo simples pra desenhar. Foram despretenciosos, sem caráter de estudo, apenas por diversão e passatempo.

Desenhos feitos inspirados no jogo Zelda.

Ficou lá no sketchbook por meeeeses! Não sei se você faz isso, mas tenho costume de olhar meus desenhos antigos de tempos em tempos. Principalmente quando quero desenhar e estou sem inspiração. Ver os rabiscos antigos pode nos trazer alguma ideia nova, é importante guardar tudo.

Bom, seguindo com a história... Olhei novamente pros desenhos e pensei cá com meus botões: "Até que daria uma estampa legal se estivesse colorido." Então, desses quatro desenhos, escolhi um pra colorir digitalmente da maneira mais simples possível.

Colorização digital de um dos desenhos.

Fiquei em dúvida entre esse do paraquedas e aquele cozinhando. Acabei escolhendo o que gastaria menos tempo, pois estava num dia corrido! Em seguida, apliquei digitalmente o desenho em modelos de camisa e caneca pra testar a estampa. Gostei bastante do resultado.

Camisa e caneca com estampa do Link de paraquedas.

Costumo trabalhar com caricaturas e fanarts para produtos/presentes personalizados em casos de encomendas de ilustrações, raramente faço algo para uso pessoal. Foi bem legal! Vou colorir os outros desenhos também quando tiver um tempo livre, talvez adicionar alguma frase engraçadinha pra compor... Vamos ver, né! rs

Ah sim, agora vem a parte importante da história toda: assim como o jogo me inspirou pra fazer uma estampa, alguma coisa do seu universo pode te inspirar também. O processo criativo veio em etapas com intervalos de tempo bem distantes. Isto é, quando desenhei o personagem no sketchbook, não pensava naquilo como estampa de nada. Somente um segundo olhar para a produção que deu o estalo para transformá-la em um "produto".

Gostou, se interessou, tem alguma história parecida pra contar? Vamos trocar ideia aqui nos comentários! ;)

Abração e até a próxima! o/