sexta-feira, 26 de abril de 2024

Apontador de manivela!

Amores do meu coração, sinto que fiz um dos melhores investimentos da vida: comprei um apontador de manivela para dar conta das pontas dos meus lápis aqui no ateliê.

Tenho um pote de plástico, desses de armazenar alimentos, no qual guardo uma porção de lápis de cor de linha escolar, pra uso geral. São várias marcas diferentes misturadas (Faber, Leo e Leo, Tris, etc) e quando a ponta de um deles está gasta, certamente encontro outro da mesma cor com a ponta inteira pra usar. 

Certo dia, resolvi pegar esses lápis para apontar e acabei quebrando TODOS os apontadores que tinha em casa. Não sei se a madeira dos lápis já está dura (são bem antigos) ou se era o plástico dos apontadores que já estava ressecado... 

Quatro velhos de guerra... Ao todo foram 6 embora no mesmo dia.

Só sei que fiquei na mão e acabei pedindo socorro no Instagram, pra ver se alguma boa alma me indicava um bom apontador. Daria pra usar estilete, que é o que eu geralmente  uso pra apontar os lápis de desenho, mas imagina apontar uns 100 lápis com estilete!! 

A princípio pensei em comprar algum apontador de metal, mas o Gabriel Mugi me recomendou comprar um de manivela e fiquei intrigada. 

Colei uns olhos nele pra ficar mais bonitinho.

O modelo que comprei foi esse da foto acima, Easy Office da Spiral. Paguei uns R$80 na loja Kalunga, com muito receio de ser um valor alto e não compensar tanto, mas olha... que investimento! Acho que nunca mais vou precisar comprar apontador na vida!

Funciona assim: a gente puxa duas travas (onde colei os olhos), puxa a bandeja metálica pra frente e encaixa o lápis nesse buraquinho. Depois é só ir girando a manivela até ela perder a resistência, puxar as travas novamente, e retirar o lápis.

Uma ponta de respeito, né não?!

Quando a gente segue essa orientação de girar a manivela até perder a resistência, o apontador "come" uns 2cm de lápis. Fiz o teste e, girando 3 ou 4 vezes, já é possível conseguir uma senhora ponta! O mecanismo interno é composto por uma espécie de cone com 3 espirais giratórias de metal que vão raspando a madeira do lápis. Essas raspas caem numa gavetinha e a gente pode descartar depois.

Foto da caixa de lápis com algumas pontas feitas e outras não.

Além dos lápis de cor, aproveitei pra apontar todos os outros lápis em casa: os de escrever, os de desenhar. Me diverti horrores! Até aqueles lápis de qualidade duvidosa o apontador dava conta.

A "desvantagem" é que esse é um apontador de mesa, ou seja, não cabe num estojo. Foi feito pra ficar paradinho lá no canto dele pra ser usado quando precisar. Então acabei comprando também um apontadorzinho de metal, pequenino e com dois tamanhos de buraco, pra ser fácil de levar em passeios e viagens.

Conclusão
Entendo que não é todo mundo que pode dar 80 pila num trem desse (eu mesma fiz isso chorando), mas achei que o investimento valeu à pena. Se a sua realidade de artista demanda usar lápis de cor com frequência, pode ser uma boa ter um desse em casa/ateliê. Mas se a sua rotina não é a de usar esse material, um apontador escolar mais resistente ou de metal já vai te atender bem.

É isso, querides! Até a próxima o/

domingo, 10 de março de 2024

Pensando na vida

Hoje me peguei novamente pensando na vida e me angustiando horrores, principalmente quando refleti sobre escolha profissional - um gatilho constante, como devem ter percebido.


Trocando mensagens com a Rosali dia desses, falamos sobre como não ter um estilo definido de arte/ilustração nos "atrapalhava" no mercado editorial (não só brasileiro), por deixar as editoras confusas sobre o que esperar da entrega do nosso trabalho. Bom, isso é uma extrema desvantagem pra mim, pois gosto de experimentar coisas diferentes e acabo transitando muito nos estilos e nos materiais. E sei que essa também é a realidade de vários outros artistas maravilhosos!

No final de 2022 me planejei para tentar entrar no mercado editorial infantil em 2023. Peguei orientação com ilustradores experientes, montei um portfólio direcionado a esse mercado e prospectei para várias editoras. Inclusive entregando a versão impressa aos editores quando havia oportunidade de encontrá-los pessoalmente. Enfim, tive várias respostas elogiando e agradecendo o envio do material, e isso me deixou muito feliz, mas nenhuma delas fechou trabalho comigo até agora.

Enquanto isso, continuei trabalhando com o que já estava habituada a fazer: freelance de direção de arte; encomendas de ilustrações personalizadas; venda de prints; projetos em parceria; etc. Atividades essas que, além de sempre terem demanda, me permitem ter uma liberdade de passear por estilos de ilustrações e técnicas diferentes. Foi aí que veio o estalo nas divagações de hoje: mas por que mudar, então?




Percebi que, apesar de desejar ver livros com ilustrações minhas sendo publicados um dia, as encomendas pessoais que atendo também me deixam muito muito muito feliz! Cada cliente traz um desafio ou história diferente para ser contada por meio das ilustrações, e poder personalizar isso da forma que mais se adequa a essas histórias deixa tudo ainda mais especial. 

Não estar conseguido fechar trabalho com editoras estava me deixando tão frustrada e abalando tanto o meu moral, que eu esqueci de apreciar o quanto as outras coisas me faziam bem.

Sei que, apesar de estar caminhando para isso, ainda vou levar algum tempo para amadurecer e definir um estilo único de ilustração; e que talvez o caminho mais curto para publicar livros ilustrados seja fazendo isso de forma autoral, com investimento próprio ou por financiamento coletivo, ou por editais...

Enfim, se por acaso você também se encontra angustiado/a com uma situação parecida, saiba que não está sozinho/a. Ser artista generalista não é um problema e somos capazes de fazer coisas incríveis!

Grande abraço e até a próxima! o/

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Por que as pessoas param de desenhar?

Senta com seu cafezinho, porque esse post vai ser um desabafo longo.

Sou a tia que dá material de arte de presente. Quem poderia imaginar uma coisa dessas, não é? Sempre que tenho oportunidade de incentivar uma criança que se interessa em arte, eu vou lá e me faço de fada da papelaria!

De modo geral, me amarro em desenhos infantis, pois são livres, espontâneos e cheios de significados. Olhar atentamente para o desenho de uma criança é como mergulhar no coração dela.

Desenho da minha sobrinha. Família brincando num playground.

O desenho acima foi feito pela minha sobrinha, quando ela tinha 4 aninhos. Ela me viu colocar balões numa tirinha e quis colocar balões da fala no desenho dela também. Atualmente ela tem 6 anos, ama desenhar e disse que a matéria favorita na escola é artes.

Outra criança com quem tenho contato é a filha de um casal de amigos. Ela agora está com 4 aninhos e eu lembro de brincar de desenhar com ela desde que tinha 2. Quando vem aqui em casa, a gente prepara uma verdadeira estação de trabalho no tapete, com tintas guache escolar, e papeis...

Nossa obra de arte!

É uma paixão que compartilhamos! Mas até quando isso vai durar?
É uma pergunta triste, eu sei.

Por que paramos?
Fiquei pensando sobre isso enquanto olhava os desenhos preciosos. 

A humanidade sempre se manifestou artisticamente ao longo dos anos. Em cada período histórico, toda a civilização apresenta sua forma de comunicação visual de mensagens, de crenças, de costumes... e isso era tão natural!

Então, quando alguém me diz "ah, eu não desenho porque não sei desenhar" ou "eu desenhava só quando era criança", sinto aperto no coração. Será que param por medo de julgamento? 

Penso que ainda existe no imaginário da maioria das pessoas que representações pictóricas só são belas, bem executadas e dignas de apreciação se corresponderem à uma cópia fiel do seu equivalente no mundo físico. Seria um resquício do pensamento renascentista, da tradição acadêmica e seus cânones clássicos, padrões de "beleza" com base nas proporções áureas e pontos de fuga?

Com o advento da fotografia no século XIX, desenho e pintura puderam finalmente se desprender da função/obrigação de representar o real. Os movimentos artísticos modernos surgiram daí, para a liberdade da arte, para que os artistas pudessem ser mais experimentais, espontâneos, expressivos. Na contemporaneidade então... nem se fala! O ideal de ruptura com o formalismo vem com tudo. 

Se hoje temos liberdade para ilustrar numa variedade de estilos, traços, materiais, é graças ao surgimento da fotografia lá atrás.

Oh, céus! Mas olha que doideira: 
Mesmo entendendo tudo isso, às vezes acordo pensando em parar de desenhar.

Calma! Apesar de pensar isso, acho que jamais pararia rs. Desenhar e pintar são as atividades que eu mais amo fazer nessa vida, seria impossível parar. Assim, com a correria do dia a dia e dos prazos dos trabalhos, não dá tempos de fazer arte "pra mim", e quando rola uma folga, eu me sinto tão cansada que acabo tendo preguiça ou bloqueio criativo rs.

O que me desanima?
A síndrome do impostor tem sido, sem dúvida, a maior vilã ultimamente. Acho que por mais que a gente tente o exercício de racionalizar as crises, acabamos nos comparando a outras pessoas e questionando nosso potencial como artista. 

Outra coisa é o investimento de tempo em divulgação do trabalho em rede social. Confesso que cada vez menos tenho paciência de alimentar o Instagram, e a "consequência" disso é a queda no alcance das postagens. Tenho concentrado mais esforços para o portfólio no Behance (que é o link que envio quando faço prospecção do meu trabalho) e marcado mais presença no LinkedIn.

Por último, não menos importante, o atual uso desenfreado da Inteligência Artificial na produção de imagens saiu atropelando o moral de uma porção de ilustrador. A substituição da nossa mão de obra por essa ferramenta mais barata já é uma realidade com a qual precisamos lidar.

E agora?
Vamos sair do fundo desse poço!

Embora tudo isso influencie demais no ânimo e na confiança no nosso taco, é preciso buscar motivação para não desistirmos. E, assim como os desenhos das crianças tiveram o poder de me fazer refletir sobre tudo isso que escrevi, são justamente esses mesmos desenhos/pinturas - tão puros, tão honestos - que me dão força pra continuar.

Não quero perder meu poder de expressão por meio da arte, tampouco quero que as futuras gerações percam algo que é tão natural, tão humano e tão bonito. Que o nosso fazer artístico possa se libertar de qualquer tipo de comparação ou julgamento. Que sejamos, enfim, livres!

Vamos desenhar?

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Giz de cera Crayola

Uhuuu!!! Feliz Ano Novo, pessoal! O primeiro post de 2024 vai bem colorido, com uma resenha sobre gizes de cera da marca Crayola que eu trouxe da viagem que fiz pra Argentina


Vocês sabem que gosto desse material (aliás, qual material artístico eu não gosto, né?), e quando vi baratinho na lojinha duty free (sem imposto) do aeroporto, não resisti e comprei. A caixa com 96 cores estava custando ARS 6.000 / US$ 13,50... Paguei em pesos argentinos, e na conversão da época (nov/2023) ficou uns R$35.

Pra começar "do começo", vou descrever o produto para vocês: Crayola é uma empresa sediada nos EUA, que fabrica material artístico escolar em geral, não só de giz de cera. Mas os gizes são bem "famozinhos" porque a gente acaba vendo a embalagem deles em filmes, séries, animações etc.

Os bastões de cera são finos e apontados, envoltos por uma capinha de papel, onde está escrito o nome da cor de cada giz. Isso eu achei bem legal! Adoro quando vem o nome ou código das cores nos produtos. Os bastões vêm separados em 6 grupos (caixinhas menores) dentro da caixa grande - embalagem principal. Nesta caixa há um furo na parte de trás, um apontador de plástico embutido para que a gente consiga afinar novamente as pontas gastas.


Bom, como eu disse, os gizes têm o nome das cores na capinha de papel e estão separados em 6 grupos (caixinhas menores). Alguns grupos são fáceis de identificar a lógica da organização - uma das caixinhas são só de cores neon; já outros são mais difíceis entender. Eu fiz as cartelas de cores de cada grupo e tentei dar um nome pra eles de acordo com a minha percepção.


Sobre a pigmentação dos gizes, apesar de terem cores muito bonitas, eu achei que a maioria deles tem cera demais na composição. Digo a maioria porque alguns gizes soltam mais pigmento que outros, e são mais macios de usar. Reparem as cores da caixa 3 na imagem acima, os azuis e os vermelhos são uma delícia de usar e preenchem o papel completamente, já o "vivid tangerine" e o "copper", por exemplo, deixam falhas por causa da quantidade maior de cera.


Também fiz uma segunda checagem usando essa folha de teste que tem espaço maior para rabiscar e fazer anotações. Se você se interessar para testar seus materiais, explico como usá-la neste post.

Por último, não menos importante, fui pro teste mão na massa! Colorir um desenho com os gizes de cera Crayola. Como sei que giz de cera não oferece muita precisão no traçado, elaborei um desenho com áreas maiores para preenchimento e formas arredondadas pra facilitar a vida. Usei papel Chamequinho branco 120g/m², que tem uma superfície bem lisinha.


Tive dificuldade em mesclar ou sobrepor algumas cores, principalmente por causa daquela variação na quantidade de cera dos bastões que falei. Dava vontade de apertar mais o giz contra o papel na esperança de soltar mais pigmento, mas dá medo de quebrar o giz. Hehehe!

"Não é força, é jeito." Conhece essa frase? Me apeguei a ela pra usar os gizes da melhor forma. Já que não é possível ter uma cobertura uniforme de pigmento no papel com todos eles, explorei as texturas, o traçado marcado, e as sobreposições possíveis. O resultado está na imagem abaixo:


Conclusão

De modo geral, acho que os gizes Crayola atendem muito bem à função de material artístico de linha escolar/amadora. Claro que um artista também consegue se divertir utilizando esse material, se assim desejar. Afinal, o Cappuccino bate na tecla de que não é a ferramenta que faz o artista.

Sobre o resultado do desenho, eu senti um ar de ilustração de livros mais antigos. Os riscos marcados e as texturas deixaram a ilustração com um certo movimento. Ah! E também foi possível utilizar o recurso de raspar o giz pra trazer pontos de luz em algumas áreas do desenho.

Fiquei com vontade de fazer uma comparação com os gizes escolares da Faber-Castell, mas talvez num outro momento. Você se interessaria por um post assim?

Me conta o que achou nos comentários. E se tiver alguma dúvida, dica, ou sugestão, fique à vontade pra compartilhar!

Até a próxima! o/