domingo, 21 de fevereiro de 2021

Art Nouveau de Alphonse Mucha

Fiquei muito contente com o retorno de vocês no Instagram sobre o trabalho de releitura que venho desenvolvendo ultimamente com base nas obras de Alphonse Mucha, seguindo a proposta do post Releituras de Grandes Mestres. Desta vez, são duas cadelinhas que ganharão retrato no estilo mais popular da Belle Époque, o Art Nouveau.



Falarei um pouco mais sobre esse movimento artístico e sobre o artista que busquei inspiração para realizar esta encomenda. Vem comigo!

Quem foi Alphonse Mucha?
Alphonse ou Alfons Mucha foi um artista gráfico tcheco que viveu entre os anos de 1860 e 1939, e cujo nome está bastante atrelado ao movimento artístico Art Nouveau - "Arte Nova". Este estilo teve berço na Europa e foi muito influenciado pelas gravuras japonesas (ukiyo-e), às quais os europeus puderam ter um contato maior depois da reabertura do Japão no século XIX.


Mucha se formou em Viena como designer de cenários e trabalhou como pintor de retratos, atraindo olhares de nobres mecenas, que puderam patrocinar seus estudos acadêmicos em Munique e em Paris. Nestes locais, ele pôde frequentar ateliês de vários artistas, aprendendo técnicas de desenho e pintura.

Quando a grana do patrocínio acabou, Afonso...digo, Alphonse, precisou se virar como ilustrador pra ganhar dinheiro. (Gente como a gente, não é mesmo?!) Nessa fase, seus trabalhos mais marcantes foram cartazes pra peças de teatro do Theatre de la Renaissence, onde atuava Sarah Bernhardt.


Foi após trabalhar com os cartazes dessa atriz - que era super famosa na época -, que Mucha conseguiu mais visibilidade e passou a ser chamado para ilustrar campanhas publicitárias e embalagens. 


Materiais e técnicas utilizadas
Mucha utilizava o processo litográfico (gravura e impressão em pedra) para confecção dos cartazes e embalagens. Além disso, principalmente na sua série de pinturas com temática folclórica eslava, encontramos trabalhos lindíssimos feitos com tinta à óleo, pastel, carvão e aquarelas. 


Outros nomes da Art Neuveau
Não só de Mucha viveu Art Nouveau, meu povo. Muitos outros artistas contribuíram para o movimento: Emile Gallé, Josef Olbrich, Otto Wagner, Gustav Klimt, Gaudí, Victor Horta, Charles Mackintosh, Henry van del Velde... vale à pena terem seus nomes e obras "googleados" com calma depois. ;)

Finalizando
Quando estava no curso de graduação tive oportunidade de estudar Art Nouveau em dois momentos (na disciplina de História da Arte e na de História do Design) e ela se tornou um dos meus movimentos favoritos (até já fiz um post sobre isso). A fotografia já havia libertado os artista do formalismo, e mesmo assim, Mucha se recusava a fazer "arte pela arte", dizendo que focava seus esforços na produção de coisas belas.

Bom, espero que tenha curtido esse resumão sobre Alphonse Mucha e sobre a Art Nouveau. A história é bem mais longa, então convido você a participar nos comentários com mais informações, dúvidas, e opiniões sobre o assunto... vamos conversar!

Até a próxima! o/

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Referências:
ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Blucher, 2013.
Catálogo da exposição Mucha - O legado da Art Nouveau. Fiesp, 2019.
KIECOL, Daniel. Mucha. Paris: Konemann, 2017.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Transformei minha planta em personagem!

Você conhece uma planta chamada Maria Dormideira? Dormideira, para os mais íntimos, é aquela plantinha que fecha as folhas ao encostarmos nela. Sempre quis ter em casa, porque me faz lembrar da minha infância, quando ia no sítio dos meus avós e cantávamos: "dorme, dorme, dormideira, pra acordar segunda-feira".

Pois bem, recentemente consegui uma mudinha aqui pro apartamento e nesta semana ela floriu pela primeira vez. Foi um verdadeiro show! Passei um bom tempo admirando, tirando foto, observando, até pensar que a dormideira parecia estar "acordando". Pronto! Foi o gatilho pra querer desenhar, e lá fui eu pro Sketchbook (um dos app gratuitos que uso pra desenhar).

Rascunho baseado na fotografia da flor de dormideira.

Com um pouco de imaginação, podemos ver na foto acima que a plantinha parece abrir os braços como se estivesse se espreguiçando. Tentei desenhá-la como se fosse uma pessoa e aproveitei que o desenho estava sendo feito digitalmente para praticar novos estilos de ilustração.

Etapa de colorização do desenho.

O estilo que escolhi praticar desta vez é bem diferente do que costumo fazer. Minhas ilustrações possuem linha de contorno, e eu queria experimentar trabalhar com massas de cor. Vou colocar abaixo o vídeo em timelapse com todo o processo.

Vídeo de como fiz a ilustração

Diferente, né? Mas gostei do resultado. Sair da zona de conforto pra aprender e praticar coisas novas é legal e procuro fazer isso sempre que posso. O resultado foi este aqui:

Maria Dormideira - desenho digital

Pra mim foi mais uma prova de que a inspiração vem de onde menos imaginamos. Por isso, como designer e artista, eu recomendo muito deixar os nossos sentidos abertos para os estímulos que o ambiente tem a nos oferecer. Às vezes é uma música, uma paisagem, ou um cheiro que nos chama pra produzir algum estudo legal. No caso de hoje, foi ver uma florzinha acordando.

E aí, o que te inspira? Te convido a transformar uma planta em personagem também. Se fizer, me marca nas redes sociais (@nanechan_), ou comenta aqui embaixo o link... quero ver sua produção. ;)

Até a próxima! o/

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Desenhe antes de desenhar

Peguei o hábito de fazer desenhos livres para poder aquecer o braço e o punho antes de iniciar um trabalho de ilustração. Notei que depois desse exercício prévio, meu gestual melhora bastante e eu ganho mais confiança pra realizar o traçado da ilustração seguinte. Hoje vou mostrar um desses exercícios pra você.

O desenho pro aquecimento pode ser de qualquer coisa. Um personagem de animação que você gosta, um objeto que tem na sua mesa, um bichinho, a primeira pessoa que achar numa revista... enfim! No caso do meu estudo de hoje, procurei uma imagem nesses bancos de foto da internet e mandei ver.

Imagem do banco de fotos / Meu rascunho.

O objetivo não é ficar igual, nem bonito. Associado com alongamentos, esse exercício, a princípio, serve para que a musculatura do seu braço "acorde" e "se acostume" com os movimentos que terá que executar nas próximas horas. E até mesmo para sua cabeça começar a funcionar num ritmo mais criativo. O problema é que às vezes a gente se empolga e quer continuar investindo tempo no exercício até ele virar um estudo completo - como aconteceu comigo.

Vídeo em timelapse do processo completo.

Na verdade, não é ruim quando isso ocorre. Muito pelo contrário... Acaba virando mais uma ilustração produzida e finalizada pro seu acervo pessoal. rsrs. Independente de ser algo bom, preciso aprender a me controlar em relação a isso, afinal era pra ser apenas um aquecimento! =P

Me conta aí, quais exercícios você pratica antes de desenhar?
Bons estudos, e até a próxima! o/


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Tinta Acrílica - releituras de grandes mestres

Pegue um cappuccino e venha sentar aqui comigo para conversarmos sobre uns estudos que andei fazendo recentemente com tinta acrílica.

Prólogo
Um belo dia, passei por uma obra de Amadeo Modigliani no meu livro MASP de Bolso. A estética das obras desse artista me agrada muito, e eu acho super divertido como ele deixa as pessoas com pescoços compridos em seus quadros. Justamente essa característica me fez lembrar de um cachorro da raça galgo que conheci, e querer pintá-lo à Modigliani.

Cãozinho Athos à Modigliani. Tinta acrílica sobre papel, 29,7cmx42cn.

A princípio seria apenas um estudo, pois não usava tinta acrílica há bastante tempo. Mas o resultado agradou tanto, que quis transformar essa ideia em uma série.

Materiais, estilos e técnicas
Como o objetivo inicial era praticar pintura com tinta acrílica, me mantive exclusivamente nesse material. Até por comodidade de ser uma tinta que seca mais rápido e que proporciona um resultado imediato. Como substrato, usei papel para desenho no formato A3, de gramatura 180g/m². Na foto abaixo é possível ver o que tinha disponível em cima da mesa:

Pinceis de cerdas chatas, forminha de gelo que usei como godê, tubos de tinta e bloco de papel A3.

Em relação aos estilos e técnicas, isso vai depender da obra que eu for me basear para pintar. Cada artista possui um gestual diferente, e por isso pode ser necessário ir mudando a técnica de pintura para conseguir o efeito de cada estilo. Se eu for pegar um Da Vinci por exemplo, precisarei usar pinceis mais macios e trabalhar transição de cores por meio do esfumado; mas se eu pegar como referência um Picasso, as pinceladas serão mais marcadas e a transição de cores vai ser mais dura.

A doideira... digo, processo criativo
Para a segunda pintura da série escolhi misturar o Tocador de Pífano, de Manet, com uma calopsita. Estava trocando mensagens com amigas artistas enquanto folheava outro livro de arte, daí o nome da calopsita de uma delas apareceu na conversa, e logo imaginei o passarinho como uma obra.

À esqueda: Tocador de Pífano, Manet - À direita: Harley.

Após ter esse estalo, a primeira coisa que fiz foi esboçar o desenho no papel. Depois, tentando ao máximo copiar as pinceladas de Manet, fui destacando figura e fundo. Estudar as obras dos artistas é fundamental nessa parte, porque a gente consegue pegar uns detalhes mais aprofundados de como eles desenvolveram suas pinturas na época. Costumo consultar meus livros, mas existe muito material de qualidade e livros grátis disponíveis para leitura na internet!

À esqueda: esboço do desenho - À direita: primeiras camadas de tinta.

Me joguei nesse trabalho! O tempo passava e eu nem percebia. Em algumas etapas da pintura eu precisava esperar a tinta secar para pode trabalhar outras camadas por cima, como foi o caso do chapéu que pode ser visto na imagem abaixo:

Comparação de antes e depois dos detalhes na pintura.

Para produzir o efeito de que as penas da ave estavam passando na frente do chapeuzinho, primeiro pintei o chapéu, esperei secar e depois trabalhei a tinta branca por cima. Penugem e pelagem eu faço da seguinte forma: crio manchas de cor ocupando a área inteira, e depois, com um pincel mais fino, vou trabalhando melhor os detalhes.

Detalhe de antes e depois do rostinho da calopsita.

Um processo demorado e trabalhoso, que exige tempo e atenção, mas que no fim das contas é gostoso de fazer. O resultado foi este:

Pintura finalizada.

Conclusão
O que a princípio era um estudo acabou virando ideia para uma série. Óbvio que preciso aprender muita coisa ainda em termos de pintura, mas acredito que vou melhorar com a prática. Aliás, não tem pra onde fugir, né? Se a gente não pratica, não aprende, não evolui.

Se quiser saber um pouco mais sobre tinta acrílica, tenho alguns posts sobre o assunto aqui no blog, que você pode ler depois com calma. Por enquanto me conta nos comentários o que achou ou o que ficou faltando. Vamos trocar experiências!

Beijos, até a próxima! o/