terça-feira, 4 de outubro de 2022

Raio Disneyzador

Oi, gente!

Recentemente assisti a uma série na plataforma Disney + chamado "Sketchbook - Do Esboço à Realidade". É uma espécie de documentário "desenha e fala" que apresenta ilustradores que trabalham nos estúdios de animação. Cada episódio tem uns 20 minutinhos de duração, com o profissional falando sobre sua trajetória enquanto desenha um dos personagens da franquia.


Sempre curti assistir outros artistas desenhando ou pintando, pois consigo aprender muito só de olhar o processo criativo deles. O que cada um faz de especial, os materiais que usam, como resolvem determinado problema no desenho... Isso tudo a gente observa e vai arquivando na nossa cabeça e lá na frente acaba resgatando essas informações quando precisamos.

Ouvindo as histórias, me emocionei em vários momentos. Quem desenha acaba tendo experiências bem parecidas em algum momento da vida. Se você que está lendo este post também é artista, com certeza vai se lembrar de ter desenhado exaustivamente um personagem favorito de algum filme, ou daquela vez que ganhou um material de arte que não era parte da lista dos materiais da escola, ou então por ter conseguido fazer amizade com alguém por ser a criança que desenha.

Para quem não é assinante da plataforma, eu vou deixar outros vídeos que estão no canal "Walt Disney Animation Studios", no youtube. Nesses vídeos podemos aprender a desenhar alguns personagens com as pessoas que trabalham lá, como Mark Henn, por exemplo, animador da Pequena Sereia, Simba, Princesa Jasmine etc.



Vou deixar aqui também o link para a playlist com vários outros vídeos desenhando personagens


E que "raio" é esse que você colocou no título, Nane?
Ah, sim! Bom, fato é que, depois de assistir uma porção de vídeos, fiquei empolgadíssima e acabei fazendo alguns estudos pessoais pra exercitar esse estilo Disney, usando os amigos e eu como cobaias modelos.


O desenho acima foi o resultado da experiência. Fiz digitalmente, simulando lápis no app Procreate. Tem sido difícil encontrar tempo entre os trabalhos para estudar e praticar coisas novas, então fiquei feliz de ter conseguido desenvolver esses rascunhos durante os intervalos de descanso.

E por hoje é só. rs
Queria muito compartilhar os vídeos e, quem sabe, empolgar vocês também.

Beijos, e até a próxima! o/

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Academia Arcana

Olá, arteiros! Hoje venho com uma dica de livro para vocês.

No começo deste ano tive a oportunidade de trabalhar como ilustradora para um projeto de livro de RPG da Editora Chá chamado Academia Arcana, de autoria de Jordan Palmer. Trata-se de um jogo de interpretação ambientado em escolas de magia, com muitos mistérios a serem solucionados.

A versão brasileira, além das ilustrações originais de Abigail Wells, conta com imagens inéditas (desenhadas por esta que vos escreve) numa pegada mais condizente com a realidade escolar aqui do país, incluindo também alguns seres fantásticos da nossa cultura popular.




O livro foi lançado no evento de games Diversão Offline e está à venda na loja da editora nos formatos físico e digital. Um prato cheio para quem gosta do mundo da magia!

Espero que gostem!
Abração e até a próxima! o/

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Porta-pincel do Van Gogh

Os materiais de desenho e pintura andaram se multiplicando aqui em casa e recentemente precisei investir na compra de alguns itens para ajudar na organização. A fim de baratear as despesas, optei por fazer um tour e quase me perdi numa dessas lojinha de artigos em MDF para artesanato e garimpar itens que fossem uteis para o que eu precisava. 

Meu objetivo era ter uma caixinha com divisórias em que eu pudesse colocar pinceis e tintas em uso, para que elas ficassem separadas das demais enquanto o trabalho estivesse em desenvolvimento. Desta forma, eu não teria dificuldade em abastecer o godê ou lembrar quais pinceis pegar a cada sessão de pintura. 


Na loja de artigos em MDF encontrei esse objeto (imagem acima) que chamam de "porta-controle remoto", mas assim... tem esse nome, mas na real dá pra colocar o que você quiser! XD Então comprei 2 e decidi personalizar para ficar com cara de item artístico! rs.

A primeira coisa que fiz foi retirar o pó de madeira e poeira usando uma trincha de cerdas macias. Depois desencaixei as divisórias e usei tinta PVA preta para pintá-las.


Também pintei o interior da caixa de preto e achei que ficou bem legal assim. Em volta da caixinha passei a base acrílica, pra deixar preparado pra receber tinta depois.


As cerdas do pincel estão pedindo socorro, gente! Mas esse já é um pincel que uso apenas para serviços assim, mais brutos. Heheheh!

Para personalizar as laterais da caixinha, busquei inspiração nos meus livros de arte. A princípio me ocorreu pintar cada face dela com uma obra diferente de artistas diferentes; depois pensei que ficaria legal fazer obras de um mesmo artista; e por último, folheando revista com obras de Van Gogh, pensei que talvez ficasse interessante trabalhar a mesma pintura dando a volta na caixa. Escolhi "A noite estrelada", super famosa e uma das minhas favoritas!


Usei tinta acrílica para pintar (as que tenho são as bisnagas das marcas Acrilex e Corfix). Fiquei com preguiça de pegar o medium acrílico pra retardar a secagem da tinta e tive dificuldade em alguns momentos, precisando refazer misturas com mais frequência no godê (prato de isopor). Não sei até que ponto interfere, mas a umidade do ar estava bem baixa neste dia. =P

O resultado foi este:


Querendo aproveitar o restante da tinta no godê, inventei moda na parte inferior da caixa, pintando outra obra de Van Gogh. Desta vez, um dos seus autorretratos.


Van Gogh chateaaaado! Hahahahah! Tenho outra caixinha aqui esperando pra receber um carinho, mas ainda não decidi o que fazer.

Estou feliz com o resultado e feliz por meu cantinho de arte ficar cada vez mais especial. Espero que este post te inspire. 💖

Até a próxima! o/

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Minha primeira encomenda com tinta à óleo

"É preciso copiar e recopiar os mestres, e só depois de ter demonstrado ser bom copista é que lhe será permitido, logicamente, pintar um rabanete a partir da natureza." Edgar Degas*
Olá, meus queridos. Como estão? Hoje está bem friozinho por aqui, e um cappuccino vai muito bem. E é na companhia de vocês, da frase de Degas e desta bebida deliciosa que venho contar sobre uma experiência bem especial: minha primeira encomenda de pintura à óleo.

Me aventuro e invisto nessa técnica desde o ano passado, fazendo testes, leituras e vários estudos com base nas obras de outros artistas (recomendo ver o post sobre a minha Monalisa). Pois bem, foi divulgando esses estudos nas redes sociais que no final do ano passado um amigo me procurou interessado em encomendar uma versão pintada por mim de um quadro religioso com o tema "São José". Logo de cara ele me passou as seguintes referências:



Fique bem assustada, mas fui bem honesta com ele. Disse que estava começando a conhecer o material, que o tempo de espera para a conclusão do trabalho seria bem demorado, e que não era pra ele criar muita expectativa em relação ao resultado, mas que eu faria o meu melhor. A resposta dele, que me surpreendeu, foi a seguinte: "Se eu quisesse igual, imprimia da internet e emoldurava. Encara como se fosse mais um dos seus estudos, não tenho pressa." E assim foi feito!

Acordamos que a obra base então seria São José e Jesus com João Batista pintado pelo artista suíço Melchior Paul von Deschwanden. 


A primeira coisa que fiz foi passar,  usando o método dos quadradinhos, o desenho para a tela previamente preparada e queimada** com tinta ocre. Em seguida, preenchi as camadas de cor base de cada pedaço da pintura, começando pelo fundo.


Quando se trabalha em camadas com tinta à óleo, é importante seguir uma regra chamada de "do magro pro gordo", que significa trabalhar com a tinta mais diluída no solvente primeiro e ir adicionando o óleo nas camadas seguintes, sendo a última a mais gordurosa.


A imagem acima é uma comparação da primeira camada de tinta com a segunda camada. Todo o processo foi documentado ao longo da execução e eu ia mandando as fotos (às vezes até vídeo) pro cliente ver como estava ficando. Ele estava muito satisfeito já na primeira camada de tinta, mas eu precisei explicar que seriam adicionadas outras camadas pro resultado ficar melhor.


Nesta imagem do detalhe do cantil carregado pelo menino João Batista também é possível reparar como as camadas de tinta fazem diferença no resultado. E eu chamo de camadas porque é preciso esperar a tinta secar antes de passar as demãos seguintes. Por isso a pintura com tinta à óleo pode ser demorada.

Outra coisa que eu tenho feito, uma vez que me afasto alguns dias da pintura para respeitar o intervalo de secagem de uma camada pra outra, é anotar as tintas que uso e como faço as misturas entre elas para obter determinada cor. 



Falando em intervalo, precisei paralisar a pintura por um tempo para estudar mais. Obviamente comuniquei o cliente sobre isso e ele foi super compreensivo. Fui à procura de material sobre pintura figuras humanas, principalmente nas técnicas de peles/carnação. Nesta época conheci a paleta reduzida, pintei a Monalisa, ampliei meu repertório visual de pinturas, comprei alguns livros... e só depois retornei ao trabalho (e as anotações lá do caderninho foram uma baita ajuda!). É muito importante a gente entender o que sabe e o que não sabe fazer, e, se tiver oportunidade, aprender ao longo do processo.

O resultado entregue pro cliente foi este:


Definitivamente diferente do original, mas, como o cliente pediu, foi a minha versão. Essa encomenda ocupa agora o lugar de a mais difícil que já fiz (por enquanto), mas contando com a sorte de ter uma pessoa tão compreensiva do outro lado. Me foi permitindo testar, errar, estudar etc sem pressão e cobranças. Acredito que essa "liberdade" (e confiança no meu trabalho) aliada à comunicação constante das etapas de execução foram fatores determinantes para um resultado feliz pra mim e para o meu amigo.

Bom, esse foi o relato da minha experiência e espero que me contem também qual a encomenda mais difícil já apareceu na vida de artista de vocês.

Até a próxima! o/

_______
* GIRARD-LAGORCE, Sylvie. Degas: a arte do movimento. São Paulo: Folha de São Paulo, 2022.
** Não houve fogo envolvido no processo (risos). Queimar nesse contexto significa passar uma camada fina de tinta diluída com solvente na base da pintura, a fim de neutralizar o suporte ou então para que as camadas de tinta seguintes fiquem com a mesma vibração tonal do fundo. 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Como recuperar guache seca

As guaches secaram no potinho, e agora? Calma, não precisa entrar em pânico e nem jogar suas tintas fora. Nesse post eu vou ensinar como recuperar essas preciosidades da nossa vida.

Guache sequinha no pote... eita tristeza!

Você vai precisar de:
- tinta guache seca no pote;
- borrifador ou conta-gotas;
- palito de madeira (churrasco ou de picolé).

O primeiro passo é abrir o pote de guache. Se tiver dificuldade em desenroscar a tampa, pode dar umas batidinhas em volta dela com o cabo de pincel ou de uma colher de pau para quebrar a tinta que ficou alojada das ranhuras da tampa e tente abrir novamente.

Depois de aberto, borrife ou goteje um pouco d'água dentro do pote e, com ajuda do palito de madeira tente misturar a tinta. É importante que a água seja colocada aos poucos, para que chegar na consistência ideal da tinta - pastosa e homogênea.

Adicione água aos poucos e mexa. Repita o processo quantas vezes precisar.

Caso tenha dificuldade em identificar a consistência ideal da tinta guache, você pode ir testando com um pincel no papel até achar que está deslizando bem, sem empelotar. Novamente, atenção para não aguar demais, pois não há como reverter imediatamente.

Teste a consistência à medida em que for misturando.

Recuperei 6 potinhos de guache profissional da marca Talens desta forma, mas pode não funcionar com guaches de linha escolar devido à mudança na composição da tinta pelas fabricantes. Não custa tentar, né?

Por que a guache seca?
Guache, assim como aquarela, é uma tinta composta por basicamente 3 ingredientes: pigmento, goma arábica e água. Com o tempo a água pode evaporar dos potinhos, e isso acontece muito mais rápido se estiverem mal tampados. Já o pigmento e a goma, que não evaporam, endurecem e ficam craquelados igual chão de barro no calor. Entendendo esse processo, basta a gente adicionar o ingrediente que evaporou de volta na mistura.

Consigo recuperar outras tintas assim?
Seguindo o mesmo processo descrito acima, você pode conseguir bons resultados na recuperação de nanquim e aquarela também, pois são tintas com água na composição. 

Já as tintas acrílicas, apesar de solúveis em água quando frescas, são irrecuperáveis depois de secar. Além de água, ocorre volatização de outros componentes, transformando o resíduo em uma película plástica - e o plástico não dissolve na água.

Mas perae...
Se sua tinta estiver com fungos ou com um aspecto duvidoso, o melhor a se fazer (pra sua saúde, inclusive) é descartá-la imediatamente e adquirir uma nova quando puder. Tintas estragadas podem causar problemas sérios como alergias, dermatites, intoxicações etc.

Por fim, desejo boa sorte na recuperação dos seus materiais de pintura! Espero ter ajudado com este post. Abração e até a próxima! o/


quarta-feira, 6 de abril de 2022

Existe diferença entre Guache e Aquarela?

Por muito tempo ensaiei trazer esse assunto para o blog, mas me perdia pensando na melhor forma de fazer isso. Tenho algumas postagens sobre tinta aquarela e outras sobre tinta guache, mas acho que nunca abordei as diferenças entre elas.


Enfim, depois de me amparar na literatura e preparar um pequeno estudo prático para exemplificar as descobertas, criei coragem para trazer a discussão pra cá.

Composição das tintas:
De acordo com o livro Manual do Artista, "o guache é uma aquarela opaca" (MAYER, 2015). Ou seja, há pouca diferença na composição das duas tintas.

No livro ainda encontramos a seguinte explicação: "As tintas guache são feitas pela moagem de pigmentos no mesmo medium utilizado para aquarelas, mas se utiliza uma porcentagem definitivamente maior de veículo do que é usado na aquarela e com adição de vários pigmentos inertes, como gesso-cré ou blanc fixe (...); assim se obtém o efeito opaco" (MAYER, 2015).

Na prática:
Ambas, guache e aquarela, são tintas solúveis em água e podem ser encontradas no mercado em potes, bisnagas ou pastilhas. A maior diferença entre as duas está no objetivo esperado com a pintura, pois dão resultados distintos em relação à técnica. Enquanto a aquarela valoriza as transparências das cores, que se misturam com sobreposições de camadas, escurecendo gradativamente o papel branco, que permanece visível; o guache proporciona resultados opacos, cobrindo completamente o substrato, independente da sua cor original.

Inclusive você pode usar tinta aquarela mais concentrada para simular técnicas opacas de guache, assim como pode diluir suas tintas guaches para obter efeitos aquarelados, como mostrarei a seguir.


Fiz dois desenhos iguais em uma folha de papel para fazer o experimento de usar guache como aquarela, diluindo bastante a tinta e trabalhando camadas translúcidas; e aquarela como guache, diluindo pouquíssimo e misturando algumas cores com branco, para ter resultado ainda mais opaco.

Estudo 1 - Aquarelando guache
Para "transformar" guache em aquarela, é preciso aguar bastante a tinta. Neste estudo optei por usar apenas as 3 cores básicas (ciano, magenta e amarelo) de guache em bisnaga (marca TGA) na paleta, e fazendo as misturas necessárias para obter novas cores, incluindo tons mais escuros.


Usei pincel redondo de cerdas sintéticas, sempre úmido, retirando o excesso de água com ajuda de um guardanapo para não danificar as fibras do papel.


A imagem acima foi o resultado do primeiro estudo.

Estudo 2 - efeito de guache com aquarela
O segundo desenho foi trabalhado com a tinta aquarela também em bisnaga (marca Pentel), pouco diluída. Usei umas 6 cores diferentes, e misturei algumas com branco a fim de conseguir tons pasteis também. Aguei o suficiente para a tinta aderir ao pincel e deslizar no papel.


Usei pincel redondo, número 2, para ter mais precisão. Optei aplicar as cores de forma blocada, para intensificar ainda mais o efeito opaco característico de guache.


E a imagem acima foi o resultado do segundo estudo. É possível notar a diferença de textura que a tinta sem diluição adquiriu no papel.

Considerações finais:
Mesmo não tendo diferenças gritantes na composição, precisamos entender que cada tinta tem sua técnica/aplicação correspondente. Apesar de ter conseguido manchas e efeitos bem próximos da aquarela, o guache ainda se manteve opaco e de toque áspero depois de seco. A aquarela, por sua vez, se comportou muito bem como guache, mas seria um gasto desproporcional o seu uso em trabalhos de grande escala, tendo em vista que foi feita para ser diluída.


Queria falar das diferenças, mas fui me empolgando e acabei falando das semelhanças. Se você nunca teve contato com essas tintas e ficou na dúvida de qual das duas comprar para experimentar, use como critério de desempate o objetivo e resultado esperado para seu trabalho. Para massas de cores mais opacas, que ofereçam cobertura total do papel - seja ele de qualquer cor: use guache. Mas se quiser trabalhar com transparências, manchas, sobreposições e delicadeza: aquarela.

Espero que este post tenha sido útil... Se ficou alguma dúvida, pode me escrever, viu? E se você já trabalha com esses materiais, fique a vontade para compartilhar sua experiência aqui nos comentários e ajudar quem está se aventurando. S2

Até a próxima! o/

segunda-feira, 21 de março de 2022

Pintei a Monalisa!

Olá! Peguem suas canecas e venham conversar sobre pintura.

Como puderam notar, estou bastante empolgada com os estudos de pintura à óleo, e sempre que consigo uma brechinha no trabalho, procuro pesquisar cada vez mais literaturas sobre as técnicas existentes e assistir a vídeos sobre como alguns artistas trabalham. Além da técnica, considero importante também entender o contexto no qual os artistas viveram, e pra isso recorro a livros biográficos ou filmes.

Um exercício bem legal que tenho feito é tentar reproduzir obras de arte. Mas calma lá! A reprodução não tem como objetivo ficar uma cópia exata, e sim servir como aprendizado para formação de cores na paleta, estudo de composição, aplicação de tinta na superfície etc. 

Na verdade, isso meio que já estava acontecendo com tinta acrílica na série de pinturas dos Obras dos grandes mestres da Arte protagonizados por bichos, mas há diferença no comportamento das tintas.

Vamos falar da Monalisa agora
Coloquei quatro obras diferentes em votação no Instagram para definir qual seria o próximo quadro da série dos bichos. Dentre as opções estava a Monalisa, que não foi a escolhida (quem ganhou o voto foi Moça do Brinco de Pérola). Suspirei de alívio, óbvio, mas fiquei com a dúvida: "será que eu teria capacidade de pintar uma Monalisa caso ela ganhasse a votação?"

Estudo de pintura: Monalisa

Parti pro estudo me propondo o desafio. Tinha a meu favor poder consultar um livro sobre Leonardo DaVinci e suas pinturas, além do fato de já ter estudado paleta reduzida/restrita e conseguir identificar seu uso pelo pintor na obra Monalisa.


A preparação do suporte (papel paraná/papelão compacto) foi feita com base acrílica, e depois, uma camada diluída de tinta ocre. Aos poucos as manchas foram tomando forma e a figura da Gioconda foi aparecendo na minha frente.

Etapas iniciais da pintura.

Não vai ser surpresa falar isso, mas a parte que mais senti dificuldade foi a hora de fazer o rosto dessa pessoa! Trabalhar a técnica do esfumato na teoria é muito simples, mas na prática é super trabalhoso e exige uma paciência que eu, na condição de ansiosa, precisei desenvolver.

Pintura do rosto de Monalisa.

Foi um período de dedicação e imersão total. Fiquei cansada, tive vontade de largar na metade, mas aguentei até o fim, porque apesar das dores de cabeça pra solucionar uma pincelada ou outra, estava divertido.

Como disse lá no começo do post, esses estudos não tem como finalidade ser uma cópia fiel do original. É lógico que a gente espera que fique minimamente parecido com a referência, mas já valeu a pena por ter exercitado novamente a paleta reduzida e a técnica de esfumato.

Estudo finalizado.

Fiquei bem feliz com o resultado e com o que pude aprender no processo. Penso até em emoldurar futuramente esse troféuzinho de 15cm x 21cm pra pôr na parede.

A Monalisa original se encontra no Museu do Louvre, em Paris. Vou deixar aqui dois links bem legais para quem tiver interesse em olhá-la de perto. E "de perto" mesmo, pois o alcance do zoom das imagens é absurdo:


Encerro meu relato por aqui, com a promessa de fazer novos estudos futuramente.
Boa semana a todos. Até a próxima! \o/

segunda-feira, 7 de março de 2022

Aquarela - estudante de Hogwarts

Olá, bebedores de cappuccino!
Vou relatar por aqui um estudo que fiz com aquarela no finalzinho do ano passado, após ficar um bom tempo dedicada aos trabalhos com tinta à óleo. Na verdade, o gatilho pra usar aquarela veio quando estava organizando meus materiais e, ao folhear o sketchbook que dedico às técnicas aguadas, encontrei alguns desenhos inacabados.

Desenhos encontrados no sketchbook

Lembro como se fosse hoje: tinha recém maratonado os filmes de Harry Potter e o povo da internet estava comentando sobre os novos filmes da franquia. Passei um tempo nessa vibe de "e se eu tivesse estudado em Hogwarts na minha adolescência, como seria?". Todas as viagens da nossa cabeça são estudos em potencial!

Puxei do fundo da memória minha aparência de adolescente, estilo, corte de cabelo, acessórios que usava etc, e tentei mesclar ao ambiente escolar bruxo, sobretudo em relação à casa em Hogwarts que o chapéu escolheu pra mim - Corvinal (eu fiz o teste pra descobrir).

Pintura em aquarela.

Escolhi trabalhar com as aquarelas em pastilha desta vez, fazendo muitas sobreposições de camadas e explorando as manchinhas de tinta. Um diferencial foi ter usado aquarela até para as linhas de contorno do desenho em vez de nanquim ou lápis de cor, como fazia antes.

Desenhando linhas com aquarela.

Por fim, usei tinta prateada para detalhes no desenho, como óculos, gravata, brincos e pulseiras; e caneta posca branca para puxar pontos de luz. 

Colorização finalizada.

Foi um estudo divertido de fazer! Sei que ao olhos de outras pessoas pode parecer meio bobo fantasiar esse tipo de coisa, mas é como a minha mente funciona rs.

Confesso que enquanto escrevo esta postagem, penso em um novo estudo me projetando em Hogwarts novamente, mas desta vez como professora - que é "um papel" mais condizente com minha idade atual. O que será que ensinaria por lá? XD

Finalizo por aqui, pedindo que evitem bloquear a imaginação de vocês. Seja num universo de livro, desenho animado, HQ, filme ou jogo... libere a sua mente para brincar a vontade.

Até a próxima! o/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Estudos com paleta reduzida

Sobre paletas
No contexto artístico*, chamamos "paleta" o conjunto de cores disponíveis para executar um trabalho. Podem ser tanto as cores que vão ser misturadas entre si, quanto cores já misturadas e selecionadas previamente. Também chamamos de paleta aquele instrumento de madeira ou acrílico no qual as tintas são dispostas.


Às vezes a paleta de um artista** acabam funcionando como uma espécie de assinatura de suas obras!

O que é paleta reduzida?
Na semana passada, durante algumas pesquisas que vinha fazendo, achei o canal da Escola de Belas Artes da UFRJ no Youtube e acabei assistindo a algumas todas as lives gravadas sobre composição pictórica e pintura. Numa dessas aulas aprendi sobre "paleta reduzida" e fiquei impressionadíssima. Talvez para um estudante do curso de Artes isso não seja novidade, mas para mim foi como se um horizonte inteiro de novas possibilidades tivesse aberto diante dos meus olhos.

EBA UFRJ - Live de ensino remoto, professor Licius Bossolan
(paleta reduzida a partir de 01:40:21)

Aprendemos na teoria da cor que a partir das cores primárias (amarelo, magenta e do azul) podemos formar toda uma variedade de matizes, e adicionando branco ou preto a essas misturas, conseguimos criar ainda mais tons. Temos aí então uma paleta básica composta por 5 cores: 3 cores primárias + 2 (preto e branco). Mudando o tom de alguma dessas cores primárias, as misturas podem se tornar únicas e diferenciadas. 

Na paleta reduzida vista na aula, aprendi que conseguimos chegar a um espectro semelhante aos resultantes das cores primárias misturando apenas 3 cores: vermelho terroso, amarelo ocre e preto.


Quando falamos de espectro, estamos nos referindo à sensação de cor que nossos olhos captam por meio do reflexo da luz. Observe que no disco acima, a cor preta vibra para a casa dos azuis, e quando misturado ao amarelo ocre, acaba causando uma sensação de verde. Física ótica purinha, gente!

Meus testes
Empolgadona, acabei fazendo vários estudos de paleta reduzida, usando três mídias diferentes: tinta à óleo, aquarela e tinta acrílica.




O de tinta à óleo (imagem acima) foi feito no papel mesmo, com tinta da marca Acrilex. A coisa foi ficando tão interessante ao meu ver, que no final arrependi por não ter feito em tela. Acho que vou refazer em algum momento.


Em seguida, fiz com aquarela. Apesar da gente entender que o princípio ocorre com qualquer material, eu queria ver com meus próprios olhos o resultado das misturas. Usei tinta aquarela da linha Pentel Arts sobre papel específico para técnicas aguadas, 300g/m².


Talvez o mais polêmico tenha sido esse com tinta acrílica, um estudo de folhagem em "monocromia" de amarelo sobre papel. Usando apenas amarelo (Corfix), preto e branco (Acrilex) consegui efeitos visuais de tons verdes bem intensos. A polêmica em cima disso é que, de acordo com a teoria da cor, os verdes são obtidos por meio da mistura de amarelos e azuis.

Se quiser ver mais detalhes, postei os resultados no meu perfil do Instagram.

Curiosidades
A teoria da cor que estudamos hoje em dia só foi publicada por Goethe no início do século XIX.

Em tempos passados, pintores do renascimento e do barroco faziam seus tons de verdes e violetas a partir dos efeitos óticos que o pigmento preto proporciona ao ser misturado com ocres, brancos e vermelhos. 

O pigmento azul já foi muito caro, pois era feito a partir de uma pedra preciosa chamada lapis lazuli. Sendo assim, apenas nobreza e clero tinham grana o suficiente para bancar pinturas que levavam essa cor.

Com o passar do tempo, novos materiais foram sendo descobertos para extrair pigmentos azuis, como cobalto, cobre...e também pigmentos sintéticos livres de metais, como é o caso da ftalocianina.

Para quem interessar, deixo outra sugestão de aula:

EBA UFRJ - Análise de formação da pintura "A Ponte de Pedra", de Rembrandt.

No vídeo, o professor explica como teria sido o processo de composição pictórica do artista barroco Rembrandt para a paisagem "A Ponte de Pedra".

Dever de casa
Quem sou eu pra passar dever de casa?! Mas gostaria muito de sugerir que vocês façam o estudo de paleta reduzida, ou que testem seus materiais para explorar quantas misturas diferentes podem fazer com o que existe aí na sua casa. Vai ser surpreendente, tenho certeza!

Bons estudos e até a próxima! o/

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* - artístico aqui se refere a qualquer atividade ou ofício que envolva o uso de técnicas artísticas: design, arquitetura, ilustração, artes plásticas etc.
** - artista, portanto, também pode ser lido como qualquer pessoa, profissional ou não, praticante de atividades do meio artístico.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Blue Period

Feliz Ano Novo, leitores!
Como vocês estão?

Nosso 2022 começou e espero que seja um ano infinitamente melhor do que os anteriores. A pandemia ainda está mexendo muito com a minha saúde mental e, consequentemente, afetando minha produção artística. Precisamos de ânimo (e todas as doses da vacina) para não deixar a peteca cair, certo?

Quero trazer pra vocês a dica de um anime que comecei a acompanhar no Netflix: Blue Period. Tem tudo a ver com nossa vida de artista e sobre como é importante ter uma produção constante, fazer exercícios, buscar inspiração... Tô curtindo horrores!


A animação conta a história de Yatora, um colegial que se apaixona por arte às vésperas de decidir qual caminho seguir após se formar no ensino médio. Apesar da temática, o anime não dá ênfase ao ambiente de sala de aula, e nos dá a chance de acompanhar a rotina de Yatora do lado de fora do colégio.

Os episódios saem semanalmente aos sábados e já deve ter mais de 10 disponíveis na plataforma, caso alguém queira maratonar.

Aviso aos mangazeiros:
Existe o mangá também!!! Está sendo publicado no Japão pela Kodansha desde 2017, mas não sei se alguma editora trouxe ou tem planos de trazer para o Brasil. Se você souber, deixa a dica nos comentários, por favor. 💙


Desde Bakuman eu não sentia uma ligação tão forte com a história de algum anime/mangá. Quando toca a musiquinha de abertura então, meu coração acelera de um jeito inexplicável.

Me conta se gostou do anime também.
Boa semana, galera! o/