sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Histórias da Ajudaris 2021

Oi, gente! Como estamos?

Em agosto deste ano participei como ilustradora solidária do projeto Histórias da Ajudaris, produzido pela Ajudaris - uma instituição de Portugal que fomenta projetos educacionais em várias escola do país. 

O projeto Histórias da Ajudaris promove a produção de textos de qualquer gênero literário a partir de um determinado tema, que muda a cada ano. Ilustradores voluntários recebem os textos produzidos pelas crianças e fazem ilustrações para que seja publicado um livro cuja a venda é revertida em fundos para projetos de melhoria na educação do país.

No ano de 2021 o tema proposto foi "Se eu fosse". Recebi 3 histórias de crianças diferentes, de idades diferentes, querendo ser coisas diferentes: um livro de receitas; o secretário geral das Nações Unidas; e o universo. Foi muito maneiro viajar na criatividade desses pequenos autores. As ilustrações podem ser visualizadas abaixo.




Todas elas foram feitas em mídia digital usando o aplicativo Procreate. Aproveitei a liberdade para testar estilos novos e experimentar as texturas das ferramentas de desenho do programa. Os vídeos com as etapas podem ser visualizados nos carrosséis das minhas postagens do Instagram.

Ano que vem as histórias terão o tema "Água". Se você é ilustrador e ficou interessado, pode participar como voluntário entrando em contato com a Ajudaris pelo email: historiasdaajudaris@ajudaris.org 

Se animar, me avisa! Eu também estarei no time de ilustradores do próximo ano e podemos trocar figurinhas sobre as histórias que recebermos.

No mais...
A novidade é de agosto e eu só estou contando agora, né? Que vergonha. A demora para atualizar o blog não é por falta de produção não, heim gente! É falta tempo livre pra sentar e redigir os posts mesmo. (Por favor, não me abandone xD)

Espero que a produção de vocês esteja a todo vapor também!
Até a próxima! o/

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Matiz, Saturação e Valor - folha de teste para materiais artísticos

Olá, arteiros!
No post de hoje tem utilidade pra quem gosta de pintar.

Sempre que compro tintas, opto pelas três cores primárias - azul ciano, amarelo e magenta -, mais preto e branco. Quando não encontro as cores básicas na loja, pego cores aproximadas e faço uma tabela de misturas para entender quais novas cores elas formam. (É possível ver as misturas neste post sobre tinta acrílica)

O tempo passou, fui pintando um monte de treco, e chegou o momento de repor meus tubinhos de acrílica. Só que a gênia aqui esqueceu de anotar a numeração de referência antes de ir pra papelaria, e chegando lá, escolheu "no olho" as cores. Conclusão: errei 2 cores das 3 que precisava comprar.


Em vez de comprar amarelo de cádmio claro, trouxe o amarelo limão; e no lugar de azul ultramar, veio o azul cobalto na cestinha. A compra foi feita há 2 anos, mais ou menos, antes dos tubos menores acabarem de vez. Mas sabe quando eu notei que comprei errado? Ontem!

Lá estava eu, animadíssima para pintar com as acrílicas, mas tive que parar tudo e testar as misturas para saber se a mudança nos tons afetaria muito a paleta a qual estava acostumada.

Uma nova folha de teste para download
Pensei em usar aquela tabela com o círculo cromático que disponibilizei aqui, mas como as cores que tenho de acrílica não são primárias, precisei fazer uma nova página de testes. Desta vez, uma em que eu pudesse explorar mais matiz, saturação e brilho das cores.




  • Matiz ou gama está relacionado ao espectro de cores, à variedade que nos é apresentada.
  • Quando acrescentamos branco ou preto em alguma cor, estamos alterando seu brilho/valor. Ao misturar branco para deixar uma cor em tom pastel, estamos, em "termos técnicos", aumentando o brilho/valor dela.
  • Para mexer na saturação, misturamos a cor com cinza. Quanto mais cinza, menos saturada a cor fica. Em outras palavras, cores saturadas são aquelas cores mais vivas, e cores menos saturadas são cores que parecem desbotadas.
Você pode visualizar e baixar a tabela de teste do Cappuccino clicando na imagem abaixo:


O arquivo em PDF é composto por 2 folhas, sendo a primeira delas a tabela vazia para imprimir, e a segunda, um guia de como utilizar corretamente a tabela.

Compartilhem com quem precisa
Todos os materiais disponíveis para download no Cappuccino são de minha autoria, gratuitos e de venda proibida. Faço isso para que o conhecimento artístico (teórico e prático) possa alcançar cada vez mais pessoas, ajudando no crescimento da nossa comunidade. 

Sendo assim, fique à vontade para indicar para seus amigos artistas! \(^_^)/ 
A sua opinião nos comentários deste post também é muito bem-vinda. 

Bons estudos e até a próxima! o/

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Como limpar os pinceis

Pintar é uma delícia! Mas uma parte do processo que muita gente ainda peca é na limpeza dos materiais após o uso, principalmente os pinceis. Às vezes por preguiça (quem nunca?), ou por não saber o modo mais adequado pra fazer isso.


No post de hoje vou mostrar como limpo os meus pinceis no dia a dia. É um processo bem simples e que, salvo uma peculiaridade ou outra, funciona para qualquer tipo de tinta. Vamos lá?

Você vai precisar de:
- sabão neutro em barra ou detergente neutro;
- água corrente;
- esponjinha velha;
- papel toalha ou flanela;
- limpa pincel ou pente modelador (opcional).

Como fazer?
Para começar, você precisa tirar o excesso de tinta do pincel usando um pedaço de papel toalha, papel higiênico, ou paninho. Isso vai ajudar a poupar sabão e esforço na hora de lavar as cerdas. Depois, retire um pedaço de mais ou menos 1cm da barra de sabão e guarde o restante.


Esse processo funciona para qualquer tipo de tinta, mas se você estiver utilizando tinta à óleo, recomendo que, depois de tirar o excesso com papel, passe o pincel no solvente para soltar ainda mais o resíduo que fica nas cerdas.


O solvente que uso pra tinta à óleo é o Ecosolv Acrilex. Coloco um pouco dentro de um potinho de vidro com tampa pra ir usando enquanto estou pintando. A tinta que sai das cerdas vai decantando no fundo do pote de vidro, deixando o solvente limpo por cima. Dá pra reutilizar o solvente várias e várias vezes desta forma.

Se você estiver usando aquarela, guache, nanquim ou tinta acrílica, use água em vez de solvente nessa etapa. Mas atenção: jamaaaaais deixe o pincel "de molho" no copo com água! Isso estraga o cabo (que muitas vezes é feito de madeira) e pode fazer o ferrolho (parte de metal) soltar.


Continuando... Umedeça o pincel e esfregue as cerdas no sabão neutro, fazendo movimentos circulares. Você vai ver que a tinta soltará na espuma do sabão. Em seguida você pode "massagear" a cerdas para limpar, ou passá-las em um limpa pinceis (objeto verde na imagem acima).

Algumas pessoas não gostam de usar limpa pinceis porque dizem que pode danificar as cerdas. Particularmente, não vejo problema algum. É só ter cuidado, passar com delicadeza e muito amor.


Enxague as cerdas do pincel em água corrente e repita o processo até a espuma ficar sem tinta. 

Lembretes: algumas tintas endurecem e se tornam impermeáveis ao secar, como é o caso do nanquim e da tinta acrílica. Lembre de sempre lavar os pinceis imediatamente após o uso, para não correr o risco de estragar.
 

Como tenho o péssimo hábito de colocar pincel na boca e fazer a maior lambança segurando as coisas com a mão suja de tinta, também faço a limpeza de ferrolho e cabo do pincel. Para isso, uso uma esponjinha velha, com o lado abrasivo pro ferrolho, e o outro lado para o cabo. 

Evite usar o lado abrasivo para limpar o cabo, pois pode acabar apagando as informações impressas nele, como modelo, número e material que a cerda é feita.


Feito tudo isso, é só secar bem o pincelzinho com papel toalha ou flanela e pronto. Seu pinceis ficarão limpos e podem ser usados novamente.

Concluindo
Vai dar preguiça? Vai sim. Mas é extremamente importante cuidar bem dos pinceis para que tenham uma longa vida útil. Fora que alguns modelos custam os olhos da cara, e quando estragar vai bater aquela dor no coração... Ai, ai!

Se você está chegando agora no mundo da pintura, recomendo ler meu post sobre pinceis, no qual explico alguns dos tipos que existem, e indico modelos para ajudar sua experiência.

Tem alguma coisa que você faz de diferente para limpar e conservar seus pinceis? Compartilha aqui nos comentários. 

Até a próxima! o/

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Tinta à óleo

Agueeeeenta, coração, que esse dia chegou! Cappuccino com tinta à óleo, finalmente.

Vou mentir não, como minha rinite ataca até com "bom dia", evitei usar a tinta à óleo o máximo que pude durante a vida porque tinha medo do fato de ser uma técnica que precisa do uso de solventes e óleos com cheiros fortíssimos.

E estava super feliz com meus estudos somente nas tintas à base de água - aquarela, guache, acrílica - até que um belo dia:

Promoção na papelaria! Caixa com 8 tubos de tinta à óleo, 50 pau! hahahaha

Sem brincadeira, a tinta ficou aqui em casa 1 ano sem eu nem encostar na caixinha. Aí um dia desses, arrumando meus materiais, vi que o vencimento era tipo, ano que vem! rs Desesperei e saí caçando tutorial no YouTube.

A tinta à óleo
É uma tinta encorpada, vendida em bisnagas, e como o nome sugere, composta de pigmento + óleo. Isso quer dizer que em vez de misturar com água, a gente precisa misturar óleo (geralmente óleo de linhaça) ou solvente para diluir.


Os pigmentos da tinta são normalmente compostos por metais pesados (titânio, cádmio, cobalto). Lembra das aulas de química e da tabela periódica que servia só de enfeite na sala de aula? Pois bem... Você, jovem aspirante a artista, que escolheu humanas porque odeia química, física e matemática, sinto dizer que usamos tudo isso em artes também.

Se liga: se você quer um tom de verde pastel na sua pintura, vai precisar mistura um azul cobalto com amarelo cádmio e branco de titânio. BUUUUM! Explodiu. hauahau brincadeira, não explode, mas é bem tóxico.

Solventes
Pra minha sorte, hoje em dia já vendem solventes sem cheiro e que não são tão fortes e tóxicos quanto uma terebentina ou um querosene da vida. Inclusive, num post antigo sobre pastel oleoso, cheguei a usar aguarrás pra um estudo e nunca mais pretendo repetir o experimento.


Claro que o fato de não ter cheio forte não anula a toxidade de um solvente. Procure sempre estar num ambiente bem ventilado, e de preferência com máscara e luvas, pra evitar inalação e contato direto com essas substâncias. Se você for uma criança, adicione "supervisão de um adulto" a essa lista de segurança.

Equipamento de segurança
Perdi a conta de quantas vezes usei a palavra "tóxico" neste post. Mas assim, gente, não é pra ficar com medo também não, tá? A tinta à óleo é uma das mais recomendadas para quem tá querendo começar a pintar, basta ter um cuidadinho especial.


Como eu sou muito estabanada, preciso ficar alerta o tempo todo pra não coçar o rosto com mão suja de tinta, ou me policiando pra não colocar cabo de pincel na boca. Ainda não precisei usar luvas, pois até tenho lembrado de lavar as mãos imediatamente quando encosto na tinta, mas tenho usado máscara e avental (ou uma roupa que não tem problema sujar) quando vou pintar.

Pinceis
Use os piores que tiver em casa, porque vai dar muita dó de usar pincel bom. Aqui eu separei os mais velhos, os desgastados e os mais baratinhos pra poder aprender a pintar, porque a limpeza com solvente estraga as cerdas fácil!


Pra não danificar tão rápido, aprendi a tirar só o excesso de tinta com o solvente e depois lavar o pincel com água corrente e sabão neutro em barra.

Tela, papel ou madeira?
Sei lá! XD
A tinta à óleo pode ser aplicada em qualquer um desses suportes, contanto que você faça uma preparação da superfície antes. (Já deu preguiça, né?) E eu aprendi da pior forma possível!

Estou usando sobras de papel paraná pra testar.

Essa foi a primeira pintura com tinta à óleo DA VIDA! Tive dificuldade no processo porque o papel absorvia a tinta toda, eu não conseguia espalhar, as cores não misturavam do jeito que eu imaginava... Já estava quase desistindo.


Foi aí que descobri um tal de "gesso acrílico" que é usado pra fazer essa preparação da tela/ papel/ madeira. Comprei um pote de um troço chamado "base acrílica". Não sei se dá no mesmo, mas até agora serviu bem pros meus outros testes.

A imagem abaixo foi o meu segundo teste, já preparada com duas demãos da base acrílica: 


Como a base impermeabiliza o papel, consegui deslizar melhor com pincel e aplicar a tinta mais facilmente. Mudou completamente a minha experiência e passei a gostar mais!

Tempo de secagem
Diferente das tintas à base d'água, óleo leva alguns dias (semanas, até meses) para secar. Isso permite a gente trabalhar com calma na pintura, fazendo um pouco a cada dia, pois com a tinta fresca, podemos modificar uma coisa ou outra se precisar.

Porém, todavia, entretanto (minha amiga Joyce vai rir lendo o começo deste parágrafo), para alguns efeitos de pintura, será preciso esperar a tinta secar completamente antes de trabalhar novas camadas por cima.

É possível acelerar o processo de secagem adicionando produtos à tinta. Mas eu já comprei um monte de coisa e não pretendo gastar mais grana com isso não. A tela vai demorar um ano secando se precisar!

Conclusão
Tô apaixonada né... foi inevitável. Um dia esse encontro teria que acontecer.

Sigo assistindo vídeos no YouTube pra aprender técnica e tentando praticar sempre que possível. A sala da minha casa tá uma loucura, mas tô amando. Quanto mais a gente "sente na pele" o quanto dá trabalho pintar um negócio, mais valor damos pra quem faz isso bem.

Obrigada pelo seu tempo e paciência para ler este post imenso. Agradeço também se puder me dar dicas nos comentários. <3 Toda troca de experiência é bem-vinda.

Fiquem bem. Até a próxima! o/

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Catálogo de cores dos marcadores

Ei! Tudo joia?
Postei alguns desenhos com marcadores nas redes sociais, e me perguntaram sobre as etiquetas de papel com graduações de cor que aparecem nas fotos. Hoje vou falar um pouquinho sobre elas e ensinar a fazer.


Eu fiz essas etiquetas de papel para organizar as cores dos marcadores que tenho no meu pote, igual catálogo de cor em lojas, sabe? 

Nunca tive uma Copic na vida, mas consegui juntar uma porção de canetinhas de marcas diferentes, e por várias vezes eu ficava perdida tentando saber quais cores combinavam, quais tons funcionavam melhor pra uma sombra...


Peguei papel de gramatura alta e fui recortando retângulos de 3cm de largura por 6cm de altura. Usei sobra de papel que tinha guardado aqui, mas pode fazer com o papel que preferir e com o tamanho que quiser. O truque é ter um furinho no centro superior de todos eles para você colocar uma argola ou um arame de pacote de pão mesmo. Acho mais prático até!

Depois, é só passar seus marcadores nos pedacinhos de papel e escrever as especificações de marca e numeração de cada cor no verso. 


Optei por deixar cada etiqueta separada por tons de uma mesma cor. Então eu posso ter marcas diferentes numa mesma tira, sem problemas. Soltando do arame/argola, consigo distribuir as cartelas lado a lado na mesa e ir formando paletas pra um desenho.


Bolei esse esquema pra resolver meu problema com os marcadores, mas acho que funciona para qualquer material que você tiver em casa. Fora que é muito charmoso pra fotografar ao lado do desenho também rs.

Gostou? Se fizer, me mostra. ;)

Até a próxima. o/

terça-feira, 13 de julho de 2021

A saga do lettering continua

Olá, queridos leitores!
Não tivemos post mês passado por motivos de descanso. Foi meu aniversário e um período de mudança profissional, então dediquei junho à organização da vida e maratona de RuPaul's Drag Race.

Desenho que fiz da RuPaul e de sua icônica frase quando uma drag é salva da eliminação.

Deu pra perceber que voltei a beber da água chamada Lettering, meus amores. Além de RuPaul, maratonei dois canais bem legais sobre lettering no Youtube: o da Marina Viabone e o do Jackson Alves (LetterJack); e fui fazendo alguns exercícios propostos. 

Exercício de lettering.

Sigo muitos artistas que trabalham com lettering no Instagram, e já fiz alguns experimentos aqui no blog há uns anos. Antes, desenhar letra me tirava totalmente da zona de conforto, mas agora se tornou uma atividade prazerosa e estou tomando coragem para incluir na lista de serviços que ofereço.

Livro Desenhando Letras, da Juliana Moore, editora Sextante.

E como além de paixão, um artista precisa de estudo, comprei o livro Desenhando Letras da designer Juliana Moore. O livro é em português, feito no Brasil, e o preço é super acessível (paguei menos de R$50, no meu exemplar). Além disso, no site da Juliana é possível conhecer melhor o trabalho dela e baixar um material gratuito extra do livro para estudar.

Por hoje é só. Fiquem bem, continuem se cuidando e desenhando bastante.
Até a próxima! o/

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Guache escolar x Guache profissional

Oi, galera!
Falei sobre tinta guache no post anterior aqui no blog e, ainda empolgada com a postagem, me propus um desafio: comparar guache escolar com guache profissional usando como base um mesmo desenho - uma fanart de Naruto.

Lá no Instagram eu fui postando etapa por etapa, mas eu queria muito trazer também o relato completo de como foi a experiência de uso desses dois materiais. O resultado me surpreendeu!

Desenho do Naruto que fiz para testar as guaches.

Mas primeiro, algumas palavras
O objetivo deste post não é dizer qual é melhor e qual é pior. Seria muito injusto, pois são materiais projetados para finalidades diferentes.

Quem é leitor do meu blog há mais tempo sabe que meu propósito aqui é deixar arte, design e processo criativo o mais acessível possível. Tanto em relação a conhecimento, quanto a materiais. Ao longo dos anos trabalhando como designer e ilustradora, fui tendo condições de investir um dinheirinho em materiais um pouco mais caros e com mais qualidade. Porém, criatividade, imaginação, força de vontade e experiência não são itens que a gente consegue comprar. 

Então, nunca se limite por falta de um ou outro material, combinado? Um bom artista não é aquele que tem os melhores materiais, e sim o que faz o melhor uso do que tem disponível.

Dito isso, vamos pra "batalha de tinta guache"
As duas marcas usadas nessa comparação são: potinhos de Acrilex - para categoria escolar; bisnagas TGA - na categoria profissional.

Pintura dos desenhos usando guaches Acrilex (à esquerda) e TGA (à direita)

Primeira diferença que encontramos de cara nessa comparação é o formato em que a tinta chega pra gente. Enquanto no potinho de guache escolar as cores já estão na sua saturação e mistura prontas pra uso, a guache profissional vem super concentrada e cabe a nós misturar as cores e diluir em água pra poder usar.

A cor vermelha da Acrilex já vem "pronta". Com a tinta TGA eu precisei misturar um pouco da cor magenta com a cor amarela até conseguir esse tom de vermelho.

Comparativo: guache TGA à esquerda / guache Acrilex à direita.

Com a tinta guache escolar, eu tinha praticamente todos os tons da paleta do Naruto em potinhos. Já com guache profissional, eu tive que misturar as cores para obter os tons necessários para pintar. É possível notar na imagem acima a diferença entre vibração das cores - a escolar é está mais saturada e "viva".

Cada fabricante tem a sua fórmula de pigmentos e aglutinantes para fazer um produto. E cada tipo de produto atende a um nicho específico. Na guache escolar eu notei a tinta bem mais viscosa, gelatinosa, e foi preciso muitas camadas para cobrir completamente uma área do desenho. Também foi preciso bastante calma nos detalhes de contorno, porque a tinta fica mais no pincel do que no papel.

A tinta guache profissional, por outro lado, fica mais fluida e o pincel desliza no papel que é uma maravilha! Além disso, não precisei passar muitas camadas pra preencher as áreas do desenho, pois a tinta é bem concentrada em pigmento e rende bastante. Mas cuidado pra não diluir demais! rs Precisa ir dosando a água direitinho.

Pinturas finalizadas lado a lado.

Outra grande dificuldade que tive foi o uso da tinta em si. Independente de ser escolar ou profissional, eu ainda não domino o uso de guache e cometi vários erros técnicos. =P

Conclusão
Hoje em dia, prezando pela maior qualidade e durabilidade dos projetos entregues em mídia tradicional, opto usar guaches profissionais. Mas isso não anula o fato de que posso (e devo) brincar e produzir coisas incríveis também com materiais de linha escolar.

Mesmo tendo usado materiais com finalidades distintas, acredito que cheguei num resultado estético muito satisfatório em ambos os desenhos. Teve algum que você gostou mais?

Espero que este post sirva de incentivo para que você ouse, use e abuse dos materiais que já tem em casa. Desenhe sempre, desenhe feliz!

Até a próxima! o/

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Guache

Não acredito que, em todos esses anos de blog, eu nunca tenha feito uma postagem exclusiva sobre guache. Que vergonha! Mas de hoje não passa. rs

Com certeza, você em algum momento da vida usou tinta guache! Por ser uma tinta composta basicamente de pigmento, aglutinante e água, a tinta guache muitas vezes é usada para desenvolver atividades lúdicas com crianças. Antes da popularização dos produtos próprios para pintura corporal, se usava guache até pra pintar os rostos dos pequenos nas datas comemorativas da escola.


Essas tintas de potinhos coloridos que a gente acha fácil nas papelarias geralmente são tinta guache escolar. Mas temos no mercado as guaches de uso profissional também.


De modo geral, podemos dizer que guache é uma tinta aquarela opaca. O que muda na composição das duas é a proporção dos ingredientes, e a adição de materiais opacos (como gesso, por exemplo) ao pigmento do guache. Daí, temos de um lado a aquarela, que é uma tinta translúcida e que precisa de um fundo branco e um papel com textura pra poder "aparecer"; e de outro, o guache, de alta cobertura e que pode ser aplicado em qualquer fundo, independente de cor ou textura.



Na foto dos círculos cromáticos acima há um comparativo entre as cores de aquarela e as cores de guache. Note que no círculo das aquarelas ainda conseguimos ver a textura do papel, enquanto no círculo de guache, a única textura visível é deixada pelo pincel ao preencher a área com tinta.

Testando guache profissional
Há muitos anos, direto do túnel do tempo, quando ainda estava no início do curso de Design na Ufes, tive uma disciplina sobre Teoria da Cor na qual precisamos comprar guaches profissionais. A professora, artista plástica, recomendou comprar as cores básicas da marca Talens.

O preço de 1 potinho de Talens dava pra comprar uns 12 potinhos de tinta escolar. Foi o primeiro susto que eu levei! Mas em compensação, a pigmentação é bem forte e o rendimento dela para pintar é excelente. Foi possível fazer todos os trabalhos do semestre e ainda tenho tinta nos vidrinhos hoje, mais de 10 anos depois. Estão com o prazo de validade vencidos, mas mesmo assim dá pra usar porque guache não estraga.


Este ano, com pandemia e tudo mais, voltando a fazer trabalhos com tinta, encontrei no mercado a marca TGA. Também são guaches de linha profissional, de fabricação nacional e de valor bem mais em conta que a Talens. Comprei uma caixinha com 5 bisnagas (cores básicas + preto e branco) e custou uns R$50. 


Depois de comprar, dei uma pesquisada e descobri que outros ilustradores daqui do Brasil também usam essa marca. Fiquei super feliz e empolgada com a aquisição! 

Meus últimos estudos foram feitos com aquarela, e apesar da composição ser a mesma, são técnicas diferentes. Voltar a mexer com guache não foi fácil, mas foi bem gostoso. Vou deixar abaixo alguns estudos feitos com a TGA nos últimos dias: 



Algumas observações
Jamais subestimem um material pela finalidade dele. Como assim? É possível fazer trabalhos muito maravilhosos com materiais de baixo custo e de linha escolar. Talento e criatividade são qualidades que podem ser desenvolvidas independente das ferramentas que temos disponíveis no momento para o fazer artístico.

Juntar uns trocados para comprar materiais profissionais pode valer à pena quando queremos investir numa carreira mais sólida de ilustrador, artista ou designer. A durabilidade de um material profissional é bem maior, e tendo qualidade maior embutida no seu trabalho, é possível cobrar um valor mais alto por ele.

E não custa nada lembrar: não é o material que faz o artista.
Bons estudos e até a próxima! o/

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EXTRA - posts relacionados:

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Desafio de Abril - desenho de pote

Olá, meus guerreiros! Fazer parte do mercado de ilustração é uma batalha sem fim, ora lutando contra o bloquei criativo, ora contra os prazos, e sempre treinando pra melhorar nossas habilidades. Certo?

Pois muito que bem, tirei algumas semanas para me dedicar a um treinamento. Precisava testar uns materiais de desenho, e vou compartilhar tudo por aqui.

O retorno do desenho de pote
Para quem ainda não conhece ou é novo aqui no blog, tenho uma série de posts com dicas para quebrar o bloqueio criativo. Uma das formas é colocar palavras em um pote e sortear para desenhar. Assim eu fiz a cada semana do mês de abril para poder testar materiais novos. 

Quem acompanha pelo Instagram, viu semana a semana o que rolou, mas vou postar aqui mais informações sobre o processo todo.

Semana 1 - zumbi e aqualine
Eu tinha acabado de receber minhas aquarelas líquidas pelos correios, e estava doida pra testar. Foi aí que o desafio começou e sorteei as palavras: zumbi, magro, divertido e corda. 


Para trabalhar a característica de magreza, desenhei o monstrinho com os ossos bem marcados, sobretudo na face, pra deixar bem esquelético mesmo. O elemento corda foi usado emaranhado num prato, lembrando ao mesmo tempo um cérebro e uma macarronada. Imaginei que esse jogo de imagens também traria o conceito de "divertido" pra ilustração. As características de zumbi da personagem vieram tanto pelo corpo se deteriorando, quanto pelo uso das cores mais frias e cadavéricas. Assustador, mas bem simpático! 

Semana 2 - princesa e desenho digital no Procreate
Investi na compra do app Procreate após pesquisar muito a respeito. Em relação a funcionalidade, até agora, não achei tão diferente do app gratuito que eu já usava - o Sketchbook Pro. As principais diferenças estão na interface dos aplicativos e nos atalhos de toque. Ainda estou no período de transição e tenho muita coisa para descobrir.

Na semana 2 as palavras que sorteei foram: princesa, lanche, roqueira e magra. Acabou repetindo uma palavra da semana anterior.


Busquei referências de mulheres rockeiras na internet para poder compor o visual do meu desenho. Peguei inspiração nos cabelos e óculos da Rita Lee; acessórios com bastante personalidade e jaqueta de couro; alfinetes com logo de banda; e tatuagens da rainha Pitty. Queria muito comer um chocolate na hora que estava desenhando, então essa vontade acabou indo para a ilustração também!

Vídeo da finalização do desenho digitalmente.

Apesar do rascunho ter sido feito em papel, o processo de finalização dele foi todo digital. No vídeo acima é possível acompanha tudo em timelapse.

Semana 3 - o cavaleiro em nanquim
O terceiro "brinquedo" que precisava ser testado era uma caneta nanquim com ponta de pincel da UniPin. Gosto muito dessa marca para canetas descartáveis, uso vários tamanho de ponta pra arte final, mas dela ponta de pincel nunca tive antes.

Palavras sorteadas da semana: cavaleiro, gordo, ranzinza e bola.


Apesar de ter usado novamente a aquarela líquida pra aproveitar a tinta que ficou no godê, o que eu quis estudar aqui nessa ilustra foi a brush pen. Ela é bem resistente e consegui traçar linhas de várias espessuras sem deformar a ponta.

Sobre a narrativa do desenho, imaginei um cavaleiro gordinho e zangado, segurando uma bola que poderia ser a munição de um canhão. Não busquei muita referência externa para fazer essa ilustração, trabalhei mais com o que já existia pronto no meu imaginário. Deixei fluir.

Semana 4 - fada faminta e a tinta guache
A última semana do desafio teve como tema as palavras: fada, gulosa, grande e celular. Nessa ilustra eu trabalhei com tinta guache. Não é uma tinta que tenho muita experiência de uso, mas ficava com vontade de usar, inspiradas nos trabalhos de colegas (inclusive, quem não conhece o Mateus Cena, recomendo seguir o cara! Ele é fera na pintura com guache).


Quando sorteei as palavras, a primeira imagem que veio na minha cabeça foi aquela fada gigante do jogo Zelda - The Breath of the Wild. Juro pra vocês, quase fiz  uma fanart! Mas aí pensei direitinho e optei ir por outro caminho: desenhar uma fadinha faminta pedindo comida em um app pelo celular. Dei uma roubada na palavra "grande", que no desenho aparece no objeto de interação, um celular bem grande em relação à fada.

Você pode fazer também!
E assim se passou o mês de abril por aqui. Alternando trabalho e experimentações de material nesse desafio criativo. Foi bem bacana e eu recomendo demais, caso tenha um tempo livre pra isso.

Você pode fazer a sua versão das palavras sorteadas acima ou então sortear palavras novas para desenhar. Se postar com a #desenhodepote e #cappuccinocomnanechan eu consigo te achar no Instagram e repostar seus desenhos. \o/ Vai ser bem legal!!

Gostou do post? Vamos trocar ideia nos comentários.
Abraço e até a próxima!

segunda-feira, 5 de abril de 2021

O círculo cromático do Cappuccino

Oi, gente! Tudo bem? Desenharam alguma coisa no feriado de Páscoa? Espero que tenha sido bem proveitoso. Eu passei os 3 dias desenvolvendo e testando com muito carinho uma coisa bem legal que poderá te ajudar a definir suas paletas de cor na hora de colorir uma ilustração: um círculo cromático pra poder imprimir e preencher em casa.


Já explico o que seria um disco cromático, mas antes, gostaria de dizer que o post de hoje vai acabar sendo um complemento de outro post de 2017, no qual expliquei alguns conceitos importantes sobre teoria da cor (este aqui: Coloridos fantásticos e onde habitam).

Disco ou círculo cromático

Bom, o círculo cromático é uma ferramenta que usamos para consultar as relações das cores entre si. Nele há indicação de cores que combinam, das cores que contrastam, de qual mistura de cores vem uma determinada cor, e uma série de outras informações. É possível comprar o disco pronto em papelarias ou lojas especializadas em material artístico.

Meu primeiro contato com as cores organizadas como disco foi na disciplina de Cor, quando cursava Design na faculdade. Cada aluno fez o seu próprio círculo usando tinta guache, e foi um exercício bem divertido.

Círculo cromático do Cappuccino

O arquivo que vou disponibilizar hoje é um PDF com 5 páginas: uma com o círculo, outra com instruções de uso, e as outras três são os discos das relações entre as cores, conforme mostrado na imagem a seguir.


O legal é que você pode imprimir a página 1 várias vezes, e até usar papeis diferentes. Aqui no post estou usando aquarela, então meu círculo foi impresso em um papel de gramatura mais alta, especial para técnicas aguadas. As páginas tem formato original A4 (21cm x 29,7cm), mas para melhor aproveitamento de papel, optei imprimir 2 páginas por folha.



Comecei preenchendo meu círculo pelas cores primárias e fui fazendo as misturas entre elas para completar os espaços. Na parte inferior da folha, há uma área destinada a anotações sobre o material utilizado, e ao lado, espaços para registrar suas cores preferidas. As instruções de como preencher corretamente seu círculo cromático está na página 2.

O próximo passo foi recortar os discos das páginas 3, 4 e 5. Nessas páginas você também encontra o passo a passo de como recortar, além das orientações sobre como fazer a sobreposição deles no círculo cromático.

Algumas etapas da montagem do "brinquedo" envolvem uso de objetos cortantes e perfurantes, então se você for uma criança, peça a um alguém mais velho te supervisionar.


Só é possível usar 1 disco sobreposto de cada vez, variando de acordo com a relação que você busca entre as cores. Nas fotos acima mostro os discos sendo usados sobre um mesmo círculo cromático.

Download do círculo cromático

Gosto de ajudar quem busca conhecimento em artes e ilustração, e por isso faço essas coisas com todo o carinho do mundo! O download do PDF, assim como outros materiais já disponibilizados aqui no Cappuccino, é gratuito e sua venda é proibida.



Me contem nos comentários o que acharam. A opinião de vocês, leitores e colegas queridos, é muito importante para futuras produções de conteúdo deste blog.

Espero que tenham gostado!
Até a próxima! o/

terça-feira, 30 de março de 2021

Mulher Maravilha - Técnica mista

Olá, olá!
Na semana passada falei sobre borrachas aqui no blog, e usei um rascunho que fiz da Mulher Maravilha para exemplificar os pontos do post. Esse desenho, depois de finalizado, teve uma boa repercussão no Instagram e decidi trazer hoje o processo de colorização dele pra vocês.



 Esboço e limpeza do rascunho

Não me lembro de ter feito uma Mulher Maravilha alguma vez. Fiquei com vontade depois de assistir ao filme Liga da Justiça, do Zack Snyder. Para o desenho, busquei fotos de referência na internet. 

Depois do rascunho pronto, usei uma borracha limpa-tipos para suavizar as linhas. Para quem não conhece, essa borracha lembra muito uma massinha de modelar cinza. Ela é elástica, pode ser moldada do jeito que precisar, não desgasta, e absorve a sujeira da superfície sem deixar resíduos. Essa massinha era usada antigamente para fazer a limpeza de tipos móveis de composição, daí o nome "limpa tipos".


A intenção era deixar o rascunho com linhas beeeeem fracas, porque à princípio eu queria trabalhar somente com aquarela.

Colorização

Meu sketchbook não aguenta muito bem as técnicas aguadas, e descobri da pior forma: passando a primeira pincelada de tinta no papel. O papel absorve líquido muito rápido e resseca fácil. Mesmo assim, insisti e fiz a cor base toda em aquarela.


Com o preenchimento das áreas principais feito, esperei o papel secar completamente e trabalhei com lápis de cor super macios por cima. O bom desse tipo de lápis é que soltam bastante pigmento no papel, mesmo pintando de leve. Já fiz um post sobre os lápis de cor que uso, vale a pena dar uma olhadinha.


Todas as texturas e balanço de sombra foram feitos em lápis de cor. Apaguei as poucas linhas de grafite que sobraram pra deixar o desenho "saltar do papel" com a variação de peso das cores. Puxei efeito de luz usando lápis de cor amarelo (que seria o reflexo do Laço da Verdade), caneta gel branca para picos de luz, e tinta guache dourada pra dar um tchanãnã.


Como pode ser visto nos detalhes acima, as texturas de aquarela, lápis e guache no papel casaram muito bem. Foi um estudo bem legal de fazer, embora eu quase tenha desistido quando vi que o papel não aceitava bem as aguadas.

Por fim...

Fiquei feliz por não ter desistido do estudo. Nem sempre as coisas acontecem como imaginamos, mas com um pouco de insistência (e paciência) podemos conseguir algo surpreendente.

Alguma vez você já sentiu vontade de largar um desenho pela metade, mas foi até o fim? Compartilha a experiência com a gente nos comentários. 

Até a próxima! o/