Eu ocupo muito espaço e sou constantemente lembrada disso. O principal gatilho é quando preciso arrumar meus materiais de arte - que ultimamente estão sem uso, amontoados num armário desde que mudamos de endereço.
Morávamos em um apartamento com 2 quartos, e um deles eu usava de ateliê. Com a pandemia de 2020, cedi o espaço pro meu esposo, que passou a trabalhar home office. A sala, então, virou o depósito dos meus materiais de desenho, tintas, cavaletes, revistas e livros de arte.
Também ficavam na sala minhas "obras" - se é que podem ser chamadas assim - que se encontram num limbo: ficam entre exercícios para aprender a técnica x objeto sem valor comercial... limbo esse que ocupa alguns m² do espaço físico da minha casa, acumulando poeira; e incomodando.
Agora, com a bebê integrando nossa vida, nos mudamos pra um lugar maior, mas a sensação de não ter um espaço “pra mim” permanece.
Dia desses organizei algumas revistas de arte… e pow! Lá veio o combo de pensamentos destrutivos. A sensação se repetiu hoje ao entrar numa das minhas papelarias favoritas e pensar que não adiantaria levar nada pra casa.
A minha estante de guardar materiais será vendida. Não combina com a sala nova e não cabe no escritório. A minha mesa de trabalho idem (Inclusive, se você for de São Paulo e tiver interesse em comprar, me manda email). E assim, de pouco em pouco, o que era o meu espaço de trabalho vai se desfazendo.
“Não estou usando mesmo” - penso para me confortar. Realmente, desde que engravidei precisei parar com algumas coisas, sobretudo o que envolvia tintas e solventes. E agora, enquanto amamento, também não posso arriscar.
Sou um ser humano criativo e gosto de estar imersa num ambiente favorável à minha produção artística. Não consigo ficar só num cantinho... Parte de mim grita "arrume mais espaço!" e a outra canta "se desfaça de tudo".
Desfazer é difícil, é parte de mim que sai.
E por várias vezes quase fui.
Mas enfim, eu sinto que ocupo muito espaço. E essa frase se repete ciclicamente na minha mente, e toma conta de mim como se ocupar espaço fosse algo ruim.
Sinto falta de produzir artisticamente, mas também entendo que a prioridade agora é outra. S2
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