segunda-feira, 16 de novembro de 2020

15 segundinhos

Senta aqui, vamos falar sobre imediatismo.

Sabe aqueles vídeos curtinhos que estão na moda agora? Esses nos quais as etapas de um processo vão aparecendo a cada estalar de dedos. Maquiagem, desenho, montagem de algum produto, receitas... são vários os vídeos nesse estilo. Então! Eles me fizeram refletir sobre como o trabalho criativo pode - sem querer, é claro -, ser interpretado de forma equivocada.

Culturalmente, o estalar de dedos é um gesto mágico que confere "poder" ao ilusionista para transformar uma coisa em outra, ou a um gênio atender um desejo imediatamente. E foi pensando nisso enquanto assistia a lindos vídeos de estalar dedos que cheguei à conclusão: "desculpa, mas comigo isso não funciona".


Nem todo mundo que interagiu com o vídeo entendeu a minha crítica, óbvio. Eu quis dizer que o nosso trabalho (de designer ou ilustrador) é muito mais complexo do que um estalar de dedos e deve ser respeitado. Meu processo criativo nem sempre vai ser fácil e nem sempre vai ser rápido. Um bom resultado vem após muito estudo, esforço e tempo. Até mesmo os vídeos curtinhos de 15 segundos levam horas para ficarem prontos!

É essa falsa sensação de simplicidade que faz com que nos sabotemos cada vez mais, achando que somos incompetentes por não conseguirmos postar ilustrações todos os dias igual "fulano", ou porque não temos tantos seguidores quanto "beltrano"... Vale a pena cair nessa furada de comparações esdruxulas? 

Precisamos ter tempo, pois o que fazemos não é simples. Respeite o seu ritmo, o seu corpo, as suas limitações. Tudo bem se demorar um pouquinho. Não mate o artista dentro de você.

Precisando conversar, estou aqui. Beijos no coração.
Até a próxima! o/

9 comentários:

  1. Nossa Nane, eu não tinha me ligado na crítica!!! Muito bom! =]

    ResponderExcluir
  2. Gostei da crítica amiga, mas também vejo com outros olhos, vejo muita gente fazendo isso com alegria e criatividade como meu amigo Edinho...como uma forma de arte e expressão. Aquela sensação de poder de "quem me dera fosse assim!"
    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ei, Débora!
      Sim, entendo. Não estou de forma alguma criticando os vídeos, até seria hipocrisia da minha parte fazer isso, uma vez que consumo e produzo conteúdos assim. Os vídeos, na realidade, foram o que me fizeram refletir sobre o assunto e não a causa do equívoco social de achar nosso trabalho simples. Minha crítica vai apenas para a cultura do imediatismo no processo criativo mesmo.

      Obrigada por seu comentário e opinião! Beijoooos.
      (PS: amo os vídeos do Dinho jogando a lata de spray na parede!)

      Excluir
  3. De fato, quem é leigo e olha de fora deve achar que é mega simples, mas nem parece que tem todo um processo por trás. Acho legal ver vídeos de timelapse por exemplo, onde dá pra ter uma noção do trabalho todo, mas nada contra quem entra no hype dos desafios e firulas do momento.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ei Heitor!! Bom te ver por aqui.
      Obrigada por comentar.

      Excluir
  4. Falo justamente disso num post de meu blog: https://andycorsant.blogspot.com/2021/08/registrando-processos.html

    Concordo com cada palavra sua... Irretocável.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ei Andy! Li seu post e curti demais a parte sobre aproveitar o processo.
      Vou linkar seu blog aqui na coluna de recomendações de leitura.

      Realmente é o mesmo sentimento. Quem tá começando a desenhar às vezes anseia uma evolução imediata (igual eu quando começo alguma dieta doida), mas como qualquer coisa na vida, o resultado demora um pouco pois não depende só da nossa vontade. rs

      Obrigada por comentar!

      Excluir
    2. Obrigado por me ler, Nane!

      É! Nós sabemos como o processo é importante e que a evolução nem sempre é rápida.

      De nada adianta fazer maratonas desenhando... Tem que estudar e treinar com disciplina e regularidade.

      hehe, o legal é ver o que já fizemos e como melhoramos, ainda que um pouquinho só, né?!

      Valeu!

      Excluir