terça-feira, 5 de maio de 2020

Gravura em isopor - Mãe D'água

Oi oi! Como vai?
O assunto de hoje conversa diretamente com uma postagem antiga sobre matriz de isopor, na qual mostrei que bandejinhas desse material - comumente adquiridas no supermercado - podem ser reutilizadas como ferramenta criativa para fazer carimbos. Desta vez, passei a tarde produzindo uma gravura mais complexa, algo que pudesse lembrar uma xilogravura (gravura em madeira), e gostaria de compartilhar o resultado da experiência com você. Como estamos em maio, e vários astistas estão empenhados desenhando sereias para o movimento #mermay (mer, de mermaid: sereia, em inglês; may: maio, em inglês), aproveitei a ocasião para usar esse tema no meu "experimento".

Para começar, precisamos escolher a bandeja de isopor de acordo com o tamanho que melhor atende às necessidades. É importante que a bandeja tenha uma das superfícies totalmente lisa, e que esteja devidamente higienizada. Podemos usar estilete ou tesouras para remover as laterais da bandeja, tomando cuidado para não danificar sua superfície. E tomando cuidado para não nos machucarmos também, ok? Se precisar, peça ajuda de alguém cortar o isopor para você.

Remova o fundo das bandejas para utilizá-lo como matriz.

Com a base já recortada, pegaremos as medidas para definir o desenho que será feito nela. Nesta etapa, voltaremos para o papel, pois desenhar direto no isopor pode ser arriscado, uma vez que qualquer risco fora do lugar afetará o resultado da impressão. Pensando nisso, desenhei minha ideia no sketcbook para definir composição, linhas, elementos; e depois transferi para um papel avulso.

Rascunho para gravação na matriz de isopor.

Trabalhei minhas linhas do desenho de modo que lembrasse uma ilustração de cordel, trazendo a ilustração para um contexto mais brasileiro, já que escolhi desenhar a Iara - Mãe D'água - personagem sereia do nosso folclore. Ao projetar a matriz, precisamos ter em mente quais os locais receberão tinta. No caso do desenho acima, o que foi preenchido em grafite na verdade serão os espaços em branco, ou seja, não serão entintados. Vamos ver como gravar o desenho na matriz:

Fixação do rascunho na placa de isopor.

Fixei o papel no isopor com auxílio de fita adesiva para que não deslize enquanto faço as marcações. Minha ideia foi fazer os contornos das linhas em caneta vermelha, e então preencher com caneta azul azul caneta quando o papel estiver em contato com o isopor. Importante: a marcação no isopor precisa ser feita com algum tipo de objeto que tenha ponta dura (lápis, caneta esferográfica, ou até mesmo um palito). Caso contrário, a superfície do isopor não ficará devidamente sulcada. Depois que todo o desenho foi preenchido, removi o papel de cima do isopor e aprofundei os sulcos utilizando a ponta de uma lapiseira.

Gravação do desenho na matriz.

Matriz pronta, passamos para a etapa seguinte, a impressão. Os materiais usados foram: sacola plástica, rolinho de pintura feito de espuma (pode usar o lado amarelo de uma esponja dessas de lavar louça também), tinta PVA, papel, um livro pesado, colher de pau (ou algum outro objeto firme e abaulado). 

A sacola plástica serve, na verdade, para proteger a superfície onde aplicaremos a tinta para entintar o rolinho. Usei minha mesinha de corte, mas poderia ser qualquer coisa plana, até mesmo um pedaço de papelão. A gente joga um pouco de tinta nessa superfície, espalha com o rolinho, e transfere para a matriz de isopor. Depois, põe o papel por cima e usa um livro para fazer peso sobre o papel, deixando totalmente em contato com a matriz. Usei as costas da colher de pau, fazendo movimentos circulares e delicados, para reforçar a adesão da tinta no papel. Depois é só retirar o papel de cima e voi là. Fotografei o passo a passo.

Processo de impressão a partir de uma matriz de isopor.


Fiz vários testes até a impressão sair boa. Percebi durante o processo que o resultado fica mais bonito ao lavar a matriz entre as impressões, e que se deixarmos o papel em contato com a tinta por muito tempo, ele pode rasgar quando o removemos do isopor. Aconteceu principalmente nos primeiros testes, quando usei tinta guache de linha escolar. O problema não se repetiu quando mudei para tinta PVA. Ainda não testei outros materiais para avaliar o comportamento.

Primeiros testes de impressão... que deram errado.

Também testei entintar a matriz usando pincel, mas desta forma a tinta acaba entrando nos sulcos do isopor e causa defeitos na impressão. Todavia, as marcas das cerdas do pincel podem ser usadas para proporcionar texturas diferentes. Farei mais testes explorando isso...

Resultado de impressão com matriz de isopor.

A impressão da imagem acima foi a que mais me agradou. Dediquei um dia inteiro a essa atividade, e foi muito gratificante aprender algo novo. Pretendo fazer mais algumas futuramente testando novas cores e novos desenhos. Que tal?

Você tem alguma experiência com gravuras? 
Deixe um comentário, ou mande e-mail. Vamos trocar ideia.
Até a próxima. o/

4 comentários:

  1. Que delicia de resultado! Nessa quarentena seria muitolegal se várias pessoas que cuidam de crianças soubessem fazer isso...além de divertido é cultural. Adorei a dica do saquinho!
    Obrigada por compartilhar!

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    1. Boa proposta, Débora! Seria muito bom que essa postagem alcançasse quem precisa de ideias lúdicas para manter os pequenos ocupados! É uma forma de ensinar brincando, e de soltar a imaginação.

      Obrigada pela dica! Bjs

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  2. Nane, vi esse desenho pelo Instagram, acompanhando o processo agora, fico pasmo, que trabalhão da po.... Mas o resultado ficou incrível! Parabéns! Estou produzindo bem menos do que podeira nessa quarentena, a insanidade em que vivemos atualmente, tem me atrapalhado demais.

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    1. Menino, você viu que trabalheira?! Foi um dia inteiro ocupada experimentando isso, torcendo pra dar certo, e documentando pra trazer pro cappuccino. Fico feliz que tenha gostado, obrigada.

      Em relação à produção durante esses dias, não se cobre. Também passei por momentos muito difíceis em relação à produção por conta do que está acontecendo no mundo. Isso nos afeta diretamente como artistas, pois dependemos da nossa "paz de espírito" para criar coisas novas. Respeite o seu tempo. Isso tudo vai passar ;)

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